Esse trabalho trata de reflexões de três professoras-pesquisadoras acerca das experiências sobre corpo, arte e cultura presentes no currículo de uma escola municipal de educação integral. Essa escola, implementada por meio de uma política pública educacional, propõe-se a realizar um projeto de educação vinculado aos saberes territoriais. Através das narrativas, revelam vozes e visões de um coletivo responsável pela construção deste projeto, que busca possibilidades e aberturas para reconhecer, compreender e estabelecer parcerias com os “mundos” dentro e fora dos muros da escola. Para tanto, as autoras dialogam com pensadores como Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres, Ramón Grosfoguel, Frantz Fanon, Muniz Sodré e Milton Santos, aprofundando-se sobre conceitos como territorialidade, cultura e decolonialidade. Entendem que o conceito de territorialidade engendra regimes de relacionamento, relações de proximidade e distância e, assim, é preciso que se estabeleça uma relação entre os seres e os objetos, possibilitando criar a partir das especificidades do território. Decorre desse pensamento a necessidade da escola desenvolver um currículo que priorize a heterogeneidade dos conhecimentos e a diferença, afirmando-a e propiciando experiências curriculares que permitam aos sujeitos da educação a compreensão das relações de poder imanentes às práticas culturais, bem como os ecos de tais disputas na materialidade social e, também, na produção de outras formas de ver, fazer e dizer sobre as práticas, seus praticantes e a si mesmos.