O presente trabalho tem dois desafios a explorar: o primeiro é de cunho pedagógico e epistemológico, com intuito de pensar a formação de professores, no ensino superior, por área de conhecimento, cujas experiências acadêmicas dos alunos extrapolem os limites formais e as especificidades disciplinares do conhecimento científico, especialmente, aos temas que se referem aos campos das ciências humanas e ciências exatas. E o segundo é (re)pensar a importância do fascínio com o saber: ao dar sentido aos objetos de estudos, dentro de uma perspectiva que não esteja totalmente subordinada aos domínios conceituais do conteúdo, procuramos uma metodologia que envolva as trocas de trajetórias dos alunos, incluindo a imaginação, criatividade e as estratégias de cooperação. A partir de uma sequência didática, unimos turmas de graduação dos cursos de Matemática e Ciências Humanas, na Faculdade Sesi de Educação, das unidades curriculares de Cartografia II e Geometrias Não-Euclidianas, e propomos uma oficina pedagógica. Procuramos trabalhar com os conceitos das Geometrias Não-Euclidianas de Bolyai e Lobachevsky, e episódios da História da Cartografia para criar uma atividade que (re)produzisse alguns preceitos do experimento de Eratóstenes que calculou a circunferência da Terra, no século III a.C. Os alunos tiveram que pensar, espacialmente, novas possibilidades de geometrias, que superassem postulados e axiomas euclidianos, e discutir as noções da Cartografia para além da planificação e distorções do espaço representado. As criações de todos os instrumentos da oficina foram feitas manualmente: réguas e transferidores esféricos, globo terrestre, sistemas de referências métricas, coordenadas geográficas etc. Isso gerou situações-problemas que os grupos encontraram diferentes maneiras de solucionar, demonstrando que a interdisciplinaridade se revela com práticas que permitem a abertura para trabalhos que se realizam entre as fronteiras dos saberes.