A ANATOMIA SO CORPUS NA MEDICINA, NA MÍDIA, NO TEATRO E NO CONTO DUZENTOS E VINTE E CINCO GRAMAS, DE RUBEM FONSECA. No conto Duzentos e vinte e cinco gramas, de Rubem Fonseca, três homens se encontram numa sala de um necrotério à espera do legista encarregado da autópsia de uma empresária assassinada por um maníaco sexual. David Le Breton afirma que a solenidade das primeiras dissecações consistia em lentas cerimônias desdobradas em vários dias, realizadas com fins pedagógicos, mas elas se generalizaram no século XVI, e transbordaram então sua intenção original para ampliarem-se à maneira de um espetáculo. Considerando o caráter sádico da personagem protagonista e o modo espetacular e grotesco com que ela faz a autópsia do cadáver, o objetivo desta análise é estabelecer, por meio da comparação, uma relação entre o procedimento da personagem protagonista do conto, com o caráter espetacular dos teatros anatômicos observando a permanência e mudanças dos mesmos na mídia e no conto contemporâneo de Rubem Fonseca.