O objetivo deste trabalho é analisar o texto introdutório de "Alma Patrícia", primeiro livro publicado por Luís da Câmara Cascudo. Essa estréia, em julho de 1921, marca a sua inserção no campo da literatura que ocorre duplamente – como crítico literário e como prefaciador de obras literárias e não literárias – no contexto de uma vasta produção, nas mais diversas áreas do conhecimento: historiografia, antropologia, etnografia, etc. “Em vez de prefácio” foi o título escolhido pelo escritor para o seu primeiro prefácio. O autor justifica a escritura do livro chamando a atenção para o fato de não haver ainda naquele momento, no Rio Grande do Norte, um livro de crítica literária e, sem falsa modéstia, afirma: “Esse livro vai preencher a lacuna” (CASCUDO, 1991, p. 07). O prefaciador informa ao leitor que o livro é de crítica literária e que está quitando uma dívida com a sociedade norte-rio-grandense: “Agora, que a vida se me aquiéta, lanço-o à rua, fria e conscientemente, com o ar meio compungido de quem paga dívidas atrazadas e voltuosas” (CASCUDO, 1991, p. 07). O prefácio ora estudado se encontra inserido em um corpus composto por cerca de 80 textos (prefácios, proêmios, prólogos, orelhas, notas, posfácios, etc), de uma pesquisa sobre a prática da crítica literária exercitada pelo escritor potiguar. Para buscar uma melhor compreensão do texto estudado consultamos/examinamos “O ensaio como forma”, de Adorno (2003), obras de Candido (1980/1997/2005), além de um referencial teórico sobre o paratexto “prefácio”, como Sales (2003) e Teles (1989/2010), etc.