O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as leituras de nação dentro da realidade pós-colonial brasileira. As implicações da dependência / independência cultural produziram reflexões das mais variadas sobre a cultura do Brasil. Indo de posições por vezes extremistas, que oscilam do otimismo ao pessimismo, esboçadas por Caio Prado Junior, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Hollanda e Roberto Schwarz às mais conciliadoras produzidas Silviano Santiago e José Miguel Wisnik, a nação é o objeto privilegiado de discursos que tentam entender mais do que a nossa posição no mundo, mas o nosso próprio modo de ser. O método utilizado para produzir o ensaio é o de análise de textos dos autores acima citados, sendo consultadas, sempre que possível, entrevistas e textos críticos. Observa-se que as interpretações mais recentes, como as desenvolvidas por Wisnik reforçam a dupla valência como uma particularidade brasileira. Não é à toa que, para uma mesma questão, a dependência cultural, tenha surgido uma posição mais pessimista, promovida por Schwarz, e outra mais positiva, desenvolvida por Santiago. Como a querer participar de uma geografia que colocou as “ideias fora do lugar” e depois as acomodou no “entre-lugar”, o crítico uspianista sugeriu um “lugar fora das ideias”, colocando a ênfase prioritária no que se tem feito em território brasileiro e ao mesmo tempo destacando a singularidade da nação perante o contexto internacional. As desigualdades constitutivas ensinaram o Brasil a conviver com suas próprias diferenças e essa habilidade de saber lidar com a diversidade cultural para Wisnik se tornou importante e “literalmente explosiva” na ordem mundial. O modernismo brasileiro para Candido operou o “desrecalque localista” através da participação das vanguardas na descolonização nacional. No entanto, Schwarz já considera que esse momento só produz uma conciliação não-dialética, incapaz de operar efetivamente uma crítica à desigualdade social do País. Silviano Santiago, por outro lado, prefere estudar as relações entre os intelectuais modernistas e o poder, constatando que essa relação os levou à contradição de seguirem no seu projeto nacionalista (com elementos de fora também) ou servirem aos projetos de modernização conservadora do governo. São perspectivas diferentes para a leitura de um mesmo objeto: o Brasil. O Brasil é lido, portanto, pela ótica do veneno e do remédio (WISNIK, 2008 )devido à contradição de ser um País que convive com diversos problemas, mas que, a todo momento, encontra saídas para se firmar como exemplo criativos para o mundo.