O estudo do protagonismo infantil em narrativas pós-ditatoriais tem nos possibilitado a construção de uma cartografia envolvendo produções cinematográficas e literárias. A partir de uma análise prévia do corpus destacamos uma relação intrínseca entre testemunho e regimes de representação comprometidos com o caráter testemunhal. Esse aspecto nos proporciona pensar como a memória do sofrimento – sofrimento esse provocado pela experiência distópica proveniente de um regime de exceção – tem sido arrolada a partir de processos ficcionais. Apoiada nesses parâmetros penso o presente trabalho a partir de uma divisão em três etapas ou momentos especulativos. Primeiro, para refletir acerca das contingências dessas produções, em particular acerca da nucleção na figura da criança, e mais propriamente acerca das singularidades do corpo infantil exposto à experiência com a exceção. Segundo, para buscarmos as implicações entre essa escolha estética e o dever de memória. Terceiro, para mostrarmos como a compaixão, categoria proveniente da teoria da tragédia, pode ser uma importante ferramenta crítica para pensarmos essas representações do sofrimento. Na busca por construir algumas considerações a partir de tais possibilidades, faremos a análise dos filmes de ficção Postales de Leningrado, O Labirinto do Fauno e O Ano em que Meus País Saíram de férias.