O poeta pré-romântico inglês William Blake direciona até hoje linhas estéticas radicais e revolucionárias em que as imagens atuam soberanas em face da energia cósmica da criação. Grande leitor de outro William, o Shakespeare, estará próximo também do grupo dos metafísicos, só que com uma rebeldia mística que irá questionar a visão tradicional do bem e do mal. Além de voltar-se de modo anímico à origem do universo e o lugar do homem entre o racional e o divino. Blake há de trazer em seu verso o estremecimento das idéias de Swedenborg, o poeta atuará como ser profético de tal modo a influenciar não apenas os posteriores românticos como outros mais próximos no tempo, no caso walt Whitman, T.S. Eliot, Yeats, além de ficcionistas como D.H.Lawrence e James Joyce. A rejeição do racionalismo o remete à tradição mística neoplatônica em que procura substituir uma visão ética do mundo por uma existência estética. Poesia é visão, decifração, união dos contrários. Esse legado tem continuidade até o advento do modernismo e suas várias manifestações da vanguarda, como o surrealismo europeu do início dos anos 20 e chega até os anos 50 com os escritores da beat generation americana, que mantiveram o primado da rebeldia individual e culto da imagem na sintaxe rítmica do poema.