Este trabalho propõe uma interlocução entre Didática e arte contemporânea brasileira. A configuração moderna de Didática, estabelecida por Comenius no século VII, atribuí um caráter meramente explicativo e ilustrativo para as imagens, usualmente trabalhado na educação. A Didática utiliza imagens como recurso explicativo e facilitador do processo de ensino. As imagens produzidas pela arte contemporânea promovem uma expansão da compreensão do mundo, sem com isso tornarem o espectador refém de uma lógica explicativa. Essa aproximação entre Didática e a autonomia das imagens estimularia outros possíveis usos das imagens no campo do ensino. Tal interlocução da Didática com a arte em torno do papel ou função da imagem, seria algo bastante frutífero para o aprimoramento de perspectivas relativas aos processos de ensino no campo da Didática, especialmente na formação de professores de artes. Posto isso, a questão central a ser trabalhada neste projeto consiste na seguinte proposição: de que modo a Didática poderia abarcar em seu processo de ensino outros usos e funções para as imagens distintos do modelo lógico-explicativo? Em direção as possíveis respostas, podemos recorrer ao conceito artístico de impregnação em Cildo Meireles emprestando para a educação. Ao invés de anunciar verdades ao espectador, inventar situações ou ainda produzir experiências inéditas mediadas e estimuladas pela arte. Lançaremos mão de uma orientação metodológica do tipo qualitativa, interessada em analisar o objeto imagem dentro do campo da Didática, mas aberto às contribuições da imagem-arte, incorporando naquela elementos imagéticos não necessariamente reféns da objetividade, clareza e obviedade.