Este artigo propõe uma reflexão sobre a construção histórica da ditadura chilena por meio das memórias do narrador de Formas de volver a la casa, de Alejandro Zambra. Em sua obra, Zambra narrará a sua infância na década de oitenta até sua fase adulta. Tais relatos são narrados a partir de um sujeito que não sofre diretamente a violência imposta pelo regime de Pinochet, mas, com o passar dos anos, reconhece nas pessoas de sua geração estes desmandos. Para que a presente pesquisa fosse realizada, utilizamos os pressupostos teóricos de Pollack(1992), Nora(1993), Jelin(2002), Ricouer(2007), Blair(2008), Seligmann-Silva(2008), Ossa(2011), Rancière(2018), dentre outros . Por fim, as breves conclusões da presente pesquisa apontam para um caminho de que o literário, com o passar do tempo, tempo deixa de pertencer exclusivamente ao ficcional e permeado de significados relativos à subjetividade do indivíduo, seus sentimentos e relações sociais estabelecidas; passa também a cumprir o papel de construção das memórias dos indivíduos que a compõem e fazem continuar executando seu papel na sociedade, e atendendo à necessidade do indivíduo atual em deixar seus registros, seus vestígios, suas marcas, para que a partir delas possam ser reconstruídos os fatos passados.