A partir do ano de 2013, na Argentina, começam a ter lugar os chamados Patios Militantes, momentos em que a então presidenta Cristina Fernández de Kirchner (doravante CFK) recebia as juventudes de organizações de sua base de apoio nos pátios da Casa Rosada, proferindo discursos que sucediam suas cadeias nacionais. Esses Patios Militantes se tornaram recorrentes, sendo momentos de interlocução direta com a militância política jovem ao longo de seu segundo mandato. Com o passar do tempo, se converteram em espaço privilegiado para a construção de um coletivo de identificação: a juventude militante política. Esse coletivo é representado aglutinando a juventude do passado (geração de 70 da ditadura militar), a juventude atual e a projeção de juventude do futuro. Essa construção identitária será usada como forma de interpelar a juventude do presente de modo a construir um espaço de legitimação dos governos de CFK.
Nosso trabalho parte da perspectiva da análise do discurso de linha francesa e se debruça sobre discursos proferidos durante os Patios Militantes. Observaremos em especial uma operação discursiva de construção de uma “genealogia da juventude militante”. Nela se conectam a juventude da geração de 1970 (da qual CFK faz parte) e a juventude militante da atualidade, em uma construção da temporalidade que funde o acúmulo da juventude do passado, do presente e a projeção de futuro.