Este trabalho tem como objetivo apresentar o uso de alguns tipos de construções de mudança de estado em português com o verbo “ficar” e em espanhol com o verbo “quedar(se)” entre os séculos XVIII e XIX. Nossa análise terá como foco as construções gramaticais, sob a ótica da Gramática de Construções, conhecidas como construções de mudança de estado (CME), principalmente as cópulas com o verbo “quedar(se)” (acompanhado de adjetivo) e suas construções verbais equivalentes em espanhol e o verbo “ficar” (acompanhado de adjetivo) e suas construções verbais equivalentes em português. A representação destas construções na atualidade procede de âmbito distinto em português e em espanhol, como assinala Correa (2007), principalmente ao constatar que o uso de “ficar” em português é muito mais amplo que o uso de “quedar(se)” em espanhol. Sant’ Anna (2012), a partir de uma análise diacrônica dos dados, observa que as construções de mudança de estado também podem estabelecer-se por meio de construções verbais plenas e construções predicativas com os verbos expostos. Com base na proposta teórica da Gramática de Construções Baseada no Uso, correlacionamos os dados obtidos nesta pesquisa com a teoria apresentada por Bybee (2016) em que o verbo “quedar(se)” aparece como o mais frequente entre os demais verbos “tornar-se”, segundo a autora, verbos de mudança de estado ou mudança de propriedade na nossa visão.