Enquanto Jean-Luc Nancy (2016) define comunidade por aqueles seres singulares qe não têm nada em comum além da mera existência “com”, “entre”, “em”, “fora”, “para” um e outro, a exposição de uns e outros, de uns com os outros, de uns entre outros, Roberto Espósito opõe a esse conceito a noção de imunidade, igualmente indispensável para proteger a vida. “El veneno es vencido por el organismo no cuando es expulsado fuera de él, sino cuando de algún modo llega a formar parte de este”. (ESPÓSITO, 2003). Neste trabalho, analisaremos como os personagens de David e Amanda, intoxicados pelos agrotóxicos em Distancia de Rescate (2015), de Samanta Schweblin, articulam um movimento entre resistência e pertença à comunidade, como formas (tentativas) de sobrevivência, no tempo e no espaço da catástrofe. Como afirma Boaventura de Sousa Santos (2009), a catástrofe é somente uma das estratégias do Estado Neoliberal para que o próprio Estado possa intervir radicalmente em determinadas áreas e comunidades. Veremos então que ideia de salvação dos personagens do romance quando se parece estar diante da impossibilidade de futuro.