Circunstanciada na estratégia narrativa de ler, traduzir e dialogar com o outro a comunicação ora proposta, intenciona-se refletir como os narradores Ernesto de Os Rios Profundos do escritor peruano José María Arguedas e Nael de Dois irmão, do brasileiro Milton Hatoum, representam a experiência do outro e de si no movimento de interação intersubjetiva com as paisagens culturais latino-americanas. A proposta é apontar os modos através dos quais esses dois narradores expõem de um lado, as hibridações decorrentes do contato entre das culturas indígenas peruanas e de outro, as culturas amazônicas, e como estas, embora marcadas pelas dinâmicas próprias dessas regiões, vão se transformando, reconfiguram-se conforme entram em contato umas com as outras. Intenciona-se ainda, apontar como essas culturas aparentemente paralisadas, mantém constante diálogo com outras mais, interatuando com diversos locais e sendo transformadas pelos diferentes agentes com os que interagem. Do movimento desses narradores e das dinâmicas deles decorrentes, nascem subjetividades paisagísticas, geográficas e culturais que representam a vida nesses espaços. Para dimensionar esse movimento de perceber as experiências da voz narrativa, múltiplo de si no outro, trabalha-se com as concepções de paisagem em Michel Colott, guinada subjetiva da memória, a luz de Beatriz Sarlo, e o conceito de comarca cultural, conforme entende Ángel Rama entre outros. Com base nas reflexões desses teóricos, buscaremos perceber a importância de conhecer o múltiplo, o diverso o outro. Assim, entre o movimento e o testemunho da/na memória e deslocamento dos narradores hatouniano e arguediano propomos perceber outras, (re)configurações identitárias latino americanas, frente às marcas da diferença das comarcas culturais latino-americanas.