Artigo Anais do XI CONGRESSO BRASILEIRO DE HISPANISTAS

ANAIS de Evento

ISBN: 978-65-86901-19-1

O PROFESSOR COMO MEDIADOR DE LEITURA DE NARRATIVAS LITERÁRIAS: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE BAKHTIN E FREIRE

Palavra-chaves: Dialogismo, Autonomia, Alteridade, Estratégias Narrativas, Comunicação em Simpósio Temático ST08 - O ensino das literaturas hispânicas e a formação do professor de espanhol
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Publicado em 09 de dezembro de 2020

Resumo

Este trabalho apresenta uma discussão da leitura de literatura em língua estrangeira, espanhol, sob o dialogismo bakhtiniano e a perspectiva freireana da leitura. Conceitos de ambos os pensadores – o dialogismo e a alteridade de M. Bakhtin, e a educação problematizadora de Paulo Freire – apontam para uma abordagem de leitura que visa um leitor autônomo, como parte do processo de leitura e o professor como mediador desta, na construção dos sentidos possibilitados pelo texto literário. Mostrando convergências entre os estudos de Bakhtin e de Freire, entendeu-se que ler é encontrar-se com o Outro, é (re)construir linguagens, é saber-se parte de um todo, de uma cultura que parecia alheia, porém, que define o Eu como sujeito no mundo. Isto é, na aproximação entre uma filosofia da linguagem e uma teoria pedagógica, entende-se o lugar da literatura nas relações sociais, consequentemente, o processo de ensino-aprendizagem de leitura de literatura em outro idioma deve realizar-se pela perspectiva da dimensão social da linguagem. Então, mediar a leitura de narrativas literárias hispânicas é construir pontes entre a cultura do aluno e a cultura que se ensina de forma sistemática, utilizando estratégias de leitura, desenvolvendo a curiosidade de que fala Freire, promovendo o confronto entre o modo de ver o mundo e a janela de possibilidades que se abre na compreensão da/pela narrativa literária. Ademais, por meio da narrativa literária hispano-americana, por exemplo, a cultura brasileira e a hispano-americana podem aproximar-se, porquanto a dialogia mostra-se presente na construção da alteridade, isto é, uma identidade marcada pelo outro. Finalmente, o “ir e vir” da narração, o vaivém entre o interior e exterior no relato tem o efeito de apagar as fronteiras entre a alma e o mundo, a paisagem mental e o espaço natural. As imagens criadas com uma narração, o relato do ponto de vista de uma personagem, apresentam o eu como fazendo parte de um universo no qual ele emerge naturalmente. É essa leveza e naturalidade da narrativa que deve ser explorada na mediação de leitura.

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