Freud, em seu texto sobre O poeta e o fantasiar de 1908, escreveu que o poeta leva seu mundo de fantasia a sério a ponto de permitir a oscilação entre a mobilização afetiva da psique e a sensibilização desse mundo irreal sentido no próprio corpo no plano real. O corpo seria então, um território concreto para a manifestação das dores imaginárias e reais sentidas por um eu-lírico doente social que para se livrar dessa angústia e melancolia (in) vividas prefere ao isolamento ou ao término da vida. Diante deste pressuposto, é que se formula o objetivo desta comunicação: analisar interpretativamente o soneto de Voy a dormir lançado no livro Mascarilla y Trébol (1938/2017) da poetisa argentina Alfonsina Storni e como esses versos se transformaram em um texto representativo de sua obra, na relação intrínseca entre a arte e a vida, depois do suicídio da autora no Mar del Plata em 1938. Para tanto, os procedimentos teóricos metodológicos empregados neste trabalho foram por meio da revisão de literatura de Freud (2015, 2016) e Birman (2017) sobre mal-estar social, morte e melancolia; Agamben (2017) no que concerne ao uso dos corpos; Butler (2017) sobre o relatar de si na obra e outros teóricos que serviram de base para o alicerce desta investigação.