Em 1995, a escritora, professora e crítica literária cubana Margarita Mateo Palmer publicou por primeira vez Ella escribía poscrítica. A publicação foi acompanhada de uma série de performances e falas da autora sobre sua argumentação pouco convencional. A obra, no entanto, só foi lida com maior atenção após a sua segunda edição, em 2005, já pela Editorial Letras Cubanas, com acréscimo de textos pela autora e acompanhada de um DVD intitulado De la piel de la memoria, com registros multimídia dos primeiros lançamentos. Uma das razões por trás dos anos que levaram à segunda edição, e posterior discussão por parte dos críticos, tem relação com a recepção de determinadas perspectivas pós-estruturalistas na escrita de Mateo Palmer, conflituosas com as políticas de escritura da crítica cubana do período e da censura de alguns nomes conhecidos – fora da ilha – do pensamento daqueles anos. Ademais, a escritura enfrentou as dificuldades estruturais do Período Especial na ilha, em termos políticos e materiais, enquanto refletia sobre esse contexto. A apresentação pretende analisar algumas políticas da escritura da autora, segundo conceito de Rancière (1995), especialmente desde os cruzamentos do ensaísmo crítico com as crônicas intercaladas pelo livro, nas quais parece estruturar-se uma “ruína” da escrita, como conexão e resposta ao presente. Ao abordar esse tópico, buscaremos relacionar sua visão a certas zonas das obras contemporâneas do ensaísta cubano Antonio José Ponte e do escritor porto-riquenho Julio Ramos.