O objetivo deste trabalho é analisar como a perspectiva afrogênica (WALKER, 2018), se faz presente nas provas de espanhol do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Foram avaliadas 21 provas entre 2010 e 2019, totalizando 105 itens, dos quais constatamos que dez discutem a afrodescendência no mundo hispânico, seja a partir dos textos selecionados, das perguntas ou das alternativas elaboradas para cada item. Utilizamos como objeto de análise os textos que compõem cada um dos dez itens que apresentam a temática étnico-racial. Resultados apontam que destes dez textos em apenas três é possível observar aspectos de uma perspectiva afrogênica com base na problematização da exploração racial e do trabalho no imaginário cultural; na crítica à exploração humana fundamentada na ideia de raça; e na valorização dos aspectos culturais afrodescendentes como constituintes de uma cultura nacional. Pautamos a análise nos estudos decoloniais (WALSH, 2009; WALSH, 2012; LANDER, 2005; QUIJANO, 2005; MALDONADO-TORRES, 2007; VERONELI, 2015); e em autores que pensam a decolonialidade a partir do Movimento Negro no Brasil como Bernardino-Costa (2018) e Gomes (2018). Além de pesquisadores como Almeida (2018) e Bento (2002) que discutem como a ideia de raça estrutura as relações sociais brasileiras. Para tanto, valemo-nos de uma pesquisa qualitativa (FLIK, 2009), de cunho descritivo-interpretativista (MOITA LOPES, 1994) e técnica documental (BARDIN, 1977). Justificamos essa pesquisa por ser uma forma de discutir as relações étnico-raciais no âmbito da educação linguística em espanhol e pela necessidade de problematizar a atuação do espanhol em espaços de visibilidade como o ENEM.