O presente trabalho tem como objetivo central identificar e analisar os referenciais epistemológicos, metodológicos e ético-políticos que orientaram o processo de ampliação das políticas de formação de professores no Brasil de 2003 a 2010. Temos como hipótese que, em especial, no governo Lula houve uma ressignificação de conceitos construindo-se um novo quadro teórico-epistemológico e ético-político para a formação de professores voltado para a equidade, a partir de diferentes ênfases dadas à noção de: competências, capital social e capital humano mantendo como base a epistemologia pragmática. Com isso, questionamos: em que medida essa concepção/ projeto de formação se coaduna com as políticas de equidade que têm estruturado o projeto de sociedade de governo? A diferença entre os indivíduos deve ser o ponto de sustentação e partida para se tratar o desigual? Ao focalizar na diferença não perdemos o que se define o humano como “ser genérico”? A concepção fragmentada do ser não facilita uma leitura do sujeito apenas como ser biológico e funcional? Por que as políticas se centram na equidade e não na universalidade? Partimos do materialismo histórico-dialético como referencial de análise e estabelecemos diálogo com os estudos de Gramsci (2004, 1989), Ramos (2002), Frigotto (2000), Motta (2007), dentre outros. Como resultados parciais, compreendemos que o discurso da diversidade tem sido usado no contexto neoliberal como se fosse algo do indivíduo, ou seja, descontextualizado, fora de concepções e projetos de sociedade, sem a existência de classes sociais. Com isso, perpetua-se a lógica da equidade e não na universalidade perpetuando-se uma sociedade classista e que, por essência, é desigual, segregadora. Através do empoderamento de pequenos grupos fomentam-se princípios educativos voltados para uma formação de homem (voluntário, solidários, conformado) em uma sociedade que aparentemente é colaborativa e não conflitiva.