Um dos maiores e mais ousados desafios da escola é propiciar aos educandos momentos que possam despertar-lhes o gosto pela leitura, afeição ao livro e a sede pela descoberta. Sendo assim, este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que se propôs a investigar o processo formativo do leitor literário por meio da relação entre o texto cinematográfico e o texto literário, observando seus elementos constitutivos. As atividades de leitura propostas foram desenvolvidas em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública estadual de ensino, com alunos com pouco ou nenhum contato espontâneo com texto literário. Este trabalho fundamentou-se em vários estudos teóricos dentre os quais destacamos: na perspectiva da análise semiótica e do conceito de leitor imersivo de Santaella (2012); na relação do modelo interacional de Kleiman (2008); nas práticas de leitura e letramento literário de Cosson (2012); na relação entre cinema e literatura de Stam (2008) e Figueiredo (2010). Para este estudo, partimos da hipótese de que a relação entre literatura e cinema pode aproximar o aluno do texto literário por meio da construção de referências visuais e análise das diferentes possibilidades narrativas próprias das linguagens literária e cinematográfica. Dentre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa-ação, foi executada a proposta de intervenção dividida em três etapas. As atividades de leitura se efetivaram com o longa-metragem O lar das crianças peculiares, dirigido por Tim Burton (2016), e o romance O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares, escrito por Ransom Riggs (2012). Concluímos que a realização de práticas de leitura do texto cinematográfico como ponto de partida para a leitura do texto literário possibilitou desenvolver habilidades de leitura e aproximar leitores do universo literário, de forma que a leitura mediada dos textos pode contribuir para o desenvolvimento de competências leitoras, do senso crítico, do poder de percepção e maior sensibilidade estética.