Após mais de um século de produções científicas, por todo o mundo e em diferentes áreas do conhecimento, tentando explicar as possíveis relações entre o sujeito e sua dificuldade para aprender, ainda persiste um grupo significativo de alunos com dificuldade na aprendizagem da língua escrita. Via de regra, as referidas produções relatam as dificuldades faladas por um outro, e não pelo aluno que as apresenta. Assim, o objetivo deste trabalho, parte da pesquisa de doutorado, é descrever algumas das referidas produções e apresentar o que o aluno, como sujeito, tem a dizer sobre seu sintoma. Para a escuta dos alunos foi utilizado como metodologia, a Análise Pedagógica de Orientação Psicanalítica-APOP, a qual possibilita identificar as questões subjetivas inerentes ao processo de aprender e identificar, se houver possíveis impasses, se estes seriam de ordem conceitual-pedagógica ou subjetiva. Em pesquisas anteriores, sobre a relação entre alfabetização, nome próprio e subjetividade, constatamos que vários alunos não se alfabetizam por estarem inconscientemente capturados pelo sentido que atribuíam ao seu nome próprio, a partir do impasse sobre o lugar que ocupavam na relação parental. Desta maneira, não conseguiam utilizar as letras do nome, para a escrita de outras palavras. Investigando o início do processo de alfabetização no doutorado verificou-se que se tratava de um sintoma produzido, a posteriori. A APOP possibilitou identificar no dizer de crianças de 5/6 anos, que nada as impedia de aprender, entretanto, durante a realização das atividades de alfabetização, verificou-se em seus dizeres, ocorrer o entrelaçamento dos saberes inerentes à construção da língua, com aqueles referentes aos esquemas mentais inconscientes, os quais, segundo Freud, seriam a causa dos lapsos e esquecimentos da fala, escrita, leitura, além do nome próprio. Para estas crianças, era necessários que o professor suportasse este entrelaçamento, para que o processo de aprendizagem acontecesse sem impasses para aprender.