O presente trabalho foi desenvolvido a partir de uma inquietação relacionada ao problema do “machismo” em uma escola de ensino médio. Tendo como ponto de partida os pontos de fragilidade identificados na escola, bem como a percepção de um currículo de filosofia que, muitas vezes, se orienta a partir da tradição ocidental, comumente aceita e disseminada como uma filosofia única, grega, e, consequentemente, excludente. Pensou-se então em um projeto na qual abrangesse as contribuições de pensadoras femininas -e negras-, em especial Simone de Beauvoir, Hannah Arendt, bel hooks e Ângela Davis, na tentativa de descolonizar um currículo de filosofia e apresentar possibilidades de novas reflexões e inspirações para estudantes do ensino médio. Durante as aulas expositivas, foi possível perceber o “estranhamento” de alguns estudantes de sexo masculino a respeito da temática, estranhamento esse derivado da deturpação do termo “feminismo”, bem como da ideia de que a pauta feminista é exclusiva das mulheres. Durante as discussões e a partir das obras das pensadoras trabalhadas, pode-se demonstrar aos estudantes a importância da luta feminista por todos, fazendo-os perceber que a luta por igualdade de gênero é de todos. Apesar da escola ser um ambiente do conhecimento e da reflexão, ela não está isenta de presenciar muitos casos de machismo (e racismo) e outras práticas que ferem a integridade e/ou existência de outrem. Neste sentido, o trabalho se apresentou como uma urgência e uma possibilidade em alinhar proposta e a resolução de um problema real, tendo em vista também o desenvolvimento de competências e habilidades previstas na BNCC. Pode-se perceber, com o desenvolvimento do projeto, a mudança de postura, vocabulário e análise dos estudantes a respeito de várias práticas/pensamentos que antes também alegaram contribuir. Trabalhar igualdade de gênero no Ensino Médio trouxe alguns desafios e muitas superações.