O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa de dissertação de Mestrado em andamento, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). O estudo principal aborda as vivências cotidianas de mulheres que reataram a relação conjugal com seus parceiros íntimos após participarem de um grupo reflexivo para homens, encaminhados pela Vara Especializada em Violência Doméstica e Familiar contra a mulher (SER). Neste trabalho, relato minha experiência como psicóloga e pesquisadora do Serviço Reflexivo (SER), que se propõe a refletir sobre os processos que entrelaçam educação e cultura nas noções de gênero, masculinidades e violência conjugal e doméstica. Também assumo uma postura crítica ancorada em bases teórico-epistemológicas do construcionismo social e das práticas discursivas, que examinam como as práticas sociais são construídas, mantidas e transformadas através do uso da linguagem. As práticas discursivas não são apenas formas de comunicação, mas sim processos sociais complexos nos quais os sujeitos constroem e negociam significados. A experiência no SER nos permitiu identificar algumas temáticas que podem explicar o sentido da retomada do vínculo íntimo entre os casais: esperança de mudança, pressões sociais e culturais, dependência financeira ou emocional, ciclo de violência, medo ou insegurança. Ao explorar estas questões, buscamos compreender mais profundamente os motivos que levam as mulheres a reatarem a relação conjugal, fornecendo reflexões importantes para o enfrentamento da violência doméstica. Em suma, esperamos que este relato contribua para uma compreensão mais ampla das dinâmicas relacionais e das questões de gênero na superação da violência doméstica.