A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), tendo sua terceira versão homologada em 2018, se estabelece como documento normativo elaborado com o intuito de assegurar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de estudantes da Educação Básica. O componente curricular Arte - conjuntamente com Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Educação Física – figuram a grande área de Linguagens. Perdendo seu caráter de área de conhecimento autônomo, percebe-se ainda que os quatro subcomponentes que constituem as artes na BNCC: Dança, Teatro, Música e Artes Visuais, tendem à superficialidade de seus conceitos. O neoliberalismo tardio brasileiro (Brown, 2018; Filgueiras, 2006) proporciona modos de operação biopolíticas (Lazzarato, 2006) nas quais a iniciativa privada age de forma enfática nos aparatos estatais. Para a manutenção desta ordem, é necessário que a população seja gerida pela mesma lógica empreendedora Girotto (2017), sendo a educação dispositivo de atuação para este fim. Frente a essa configuração, como podem discentes do componente curricular arte atuar nas escolas (LAVAL, 2019)? Salienta-se que a implementação da Base não se dá de forma homogênea pelo país, bem como os modos de atuação de profissionais da educação não necessariamente será regido por uma metodologia unificada, fato que corrobora com a hipótese de que é possível desenhar formas de ensinar arte que provoquem fraturas nos modos de operação neoliberal (Rangel, 2015).