A leitura na escola costuma estar atrelada à realização de atividades que se voltam para a aferição de notas e não para a interpretação real do texto. Quando se trata da leitura literária, o problema se estende ao pouco prestígio que o texto literário costuma ter na sala de aula, somado ao mito de que não se ensina a ler literatura, como consequências comuns do mau aproveitamento do texto literário, devido à falta de procedimentos didáticos e de repertórios por vezes restritos ao cânone, o qual mesmo por meio de adaptações, chega às salas de aula sem objetivos ou sem um trabalho pedagógico que possibilite a compreensão textual e a fruição dos discentes. Diante disso, tendo por base a concepção sempre atual de Cândido (2004), que defende o caráter humanizador da literatura, este trabalho apresenta um viés propositivo que visa não apenas discutir o tratamento dado ao texto literário na sala de aula, a partir dos relatos do diário de bordo de uma docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), mas também apresentar uma sugestão de atividade de leitura voltada para o ensino médio, a partir do conto “Sete anos e mais sete”, de Marina Colasanti, seguindo os pressupostos de Cosson (2006) no tocante às etapas de uma sequência básica. Espera-se que, a partir de propostas como esta, que visem ao letramento literário, a literatura seja contemplada na escola, nas aulas de leitura, como fruição e, como preconiza Colomer (2007), contribua para a formação integral do indivíduo, dando a ele ferramentas para ampliar sua visão de mundo. Ademais, que professor encontre, neste trabalho, o aparato para propor outras atividades de leitura que provoquem o aluno e o auxiliem no desenvolvimento da capacidade de interpretar e de aproximar-se da linguagem literária, tornando-se cada vez mais autônomo.