Com a inserção do você e a gente no quadro dos pronomes pessoais, houve, nos termos de Faraco (2006), um rearranjo no sistema pronominal, gerando diversas modificações que afetaram não apenas o pronome em sua posição de sujeito, mas também em função de complemento, como as modificações das categorias dos pronomes possessivos e oblíquos. No caso dos possessivos de 1ª pessoa do plural, temos no português brasileiro, doravante (PB), duas representações: nosso (a) e da gente. Isto posto, este artigo tem por objetivos 1) analisar o comportamento sintático e morfológico no uso dos pronomes possessivos nosso (a) e da gente; e 2) refletir sobre a relação entre esses usos e o ensino de língua portuguesa. Os dados foram retirados do corpus D&G, recorte feito nos dados da cidade de Natal. Como referenciais teóricos, nos respaldamos em estudos de Faraco (1996) e de Lopes (2007) que descrevem as mudanças no comportamento dos pronomes, bem como nas reflexões teórica de Abraçado (1991), Omena (1998) e Rocha (2009) no que se refere à mudança no comportamento dos possessivos. A análise confirma uma tendência à variação no uso dos pronomes, não apenas na função de sujeito. O uso do “da gente” em lugar do “nosso/nossa”, já bem presente na língua falada, vem ganhando espaço no PB, especialmente em contextos mais informais, com maior tendência entre os mais jovens. Desse modo, usos não prescritos pela GT estão presente no dia a dia dos falantes e precisam ser observados e compreendidos em contextos de análise linguística e de ensino de língua materna.