Esta pesquisa é um recorte da dissertação intitulada IDENTIDADES SURDAS E CULTURA SURDA E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA OBRA “A VIDA ÍNTIMA DE LAURA”, DE CLARICE LISPECTOR. Insere-se no campo dos Estudos Literários em intersecção com os Estudos Surdos, a partir de autores como Mourão (2011, 2016), Machado (2013) e Sutton-Spence (2006). No contexto da literatura surda, partimos da ideia de que as obras literárias e artísticas em língua de sinais são artefatos culturais importantes e que, por meio delas, é possível ensinar sobre as identidades, a comunidade e a cultura surdas, pois tais obras registram diversas manifestações, valores e hábitos. Identificamos que as ilustrações e a narrativa em A vida íntima de Laura, de Clarice Lispector, dão ênfase ao corpo da personagem Laura, que manifesta uma condição física tida como defeituosa perante as demais personagens. Assim como Laura, as pessoas surdas passam por estigmatização e diversas dificuldades. Buscou-se, então, aproximações entre a obra de Clarice Lispector e as experiências das pessoas surdas usando obras literárias e ilustrações do escopo da cultura surda. Para contrapor a estigmatização e o desconhecimento, apresentamos o florescimento da cultura surda por meio da arte surda, representada pelo “orgulho surdo” em obras como as da artista surda Kilma Coutinho. A representação das mãos e de outros elementos nas obras evidencia as possibilidades da língua de sinais e da experiência em comunidade possibilitada pela mediação da língua de sinais, o que permite o uso da metáfora desta comunidade como uma grande floresta, que resiste, expressa-se e comunica-se pela visualidade das línguas de sinais, formando uma comunidade linguística diversa. A relevância deste trabalho está em estimular o conhecimento e o respeito às línguas de sinais, principalmente, levando em conta as expressões artísticas e a literatura surda.