Este artigo relaciona a maiêutica socrático-platônica a uma proposta de metodologia de ensino-aprendizagem nas aulas de Filosofia na Educação Básica. Para tanto, construiremos inicialmente uma relação entre o contexto histórico e filosófico da obra platônica Teeteto e a atual situação de sala de aula a partir do olhar docente, tendo em vista averiguar as condições para uma possível prática da maiêutica na realidade escolar na contemporaneidade. Na construção dessa análise relacional, manteremos um diálogo com intelectuais da Filosofia e da Educação, a saber, Judith Butler, Guacira Louro e Silvio Gallo, Gilles Deleuze e Félix Guatarri, Jacques Rancière, Michel Foucault e também Alejandro Cerletti. Todas e todos acima indicadas/os nos influenciam neste procedimento de relacionar o processo maiêutico ao ensino de Filosofia, mais propriamente ao movimento da experiência do pensamento filosófico, ou seja, ainda que elas e eles não trabalhem tal relação, nós utilizaremos seus conceitos e ideias para nos auxiliar a pensar, refletir e discutir a escola real e a maiêutica como metodologia. Nessa perspectiva utilizaremos dois movimentos da maiêutica, uma como diálogo, entendido como a pergunta, a fala, a escuta e a análise, e a maiêutica como experiência do pensamento, entendido como aqueles que nos forçam a pensar, por conta de oferecerem elementos singulares a serem interpretados e capazes de nos convidar a sair da mera condição de examinadora/or. Pretendemos compreender o movimento que a maiêutica pode proporcionar ao desenvolvimento da discussão e do aprendizado sobre questões da epistemologia, da política, da ética, da ontologia e de outras áreas do saber filosófico, bem como, em que medida ela pode contribuir no processo de conhecer a si mesmo. Por fim, problematizaremos algumas questões, como o uso de espaços virtuais para o exercício da maiêutica e como ela pode contribuir para o ensino-aprendizado participativo, democrático, criativo e filosófico.