A biodiversidade da flora medicinal encontrada na Caatinga é pouco conhecida, porém de amplo conhecimento popular em comunidades do semiárido. A etnobotânica é o campo interdisciplinar que compreende o estudo e a interpretação do conhecimento, significação cultural, manejo e usos tradicionais da flora. O presente trabalho teve como principal objetivo verificar o conhecimento e o uso das plantas medicinais da Caatinga por familiares e educandos da EJA na Escola Municipal Ivone Gonçalves de Araújo, localizada no município de Santa Cruz do Capibaribe - PE. O levantamento foi realizado através de entrevistas semiestruturadas a 37 familiares, identificando-se as plantas utilizadas, sua diversidade de uso, a finalidade terapêutica, os órgãos vegetais e a forma de preparo dos fitoterápicos. Os resultados demonstram que são utilizadas com fins terapêuticos 42 espécies pertencentes a 27 famílias botânicas. No contexto geral, as espécies nativas que apresentaram os maiores Valores de Uso foram: Myracrodruon urundeuva (aroeira – VU = 2,2), Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss.&Cambess.) A. Robyns (embiratanha – VU = 1,7), Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Altshul (angico – VU = 1,4), Pseudobombax marginatum (A. St. -Hil., Juss. & Cambes.) A. Robyns, (cumaru – VU = 1,37) e a Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (mororó – VU = 1,19). Na preparação dos remédios, a casca foi a parte mais utilizada e o lambedor a principal forma de preparo. As doenças mais frequentes tratadas por remédios caseiros referem-se ao sistema respiratório (56,5%) e digestório (36,4%). Etnobotânica da flora medicinal, além de ser, de interesse para a pesquisa farmacológica, revelou-se potencializadora do interesse ao valorizar seus conhecimentos como ponto de partida no processo de ensino-aprendizagem.