A presente pesquisa analisou a cultura estabelecida nas escolas no que diz respeito à valorização ou à negligência do potencial criativo das crianças da Educação Infantil em comparação com o Ensino Fundamental. Partiu-se da seguinte pergunta que direcionou a pesquisa: Qual a cultura estabelecida hoje em sala de aula no que diz respeito à valorização do aluno e de suas potencialidades criativas? Para responder a pergunta de pesquisa, delineou-se como objetivo geral identificar qual é a cultura institucional estabelecida nas escolas para valorizar o potencial criativo da infância. O debruçar-se sobre o chão da escola ressaltou o desejo deste trabalho em busca de um contato direto com a realidade vivenciada dentro das salas de aula no tocante aos elementos reveladores da perspectiva docente sobre a criatividade na infância e suas implicações no cotidiano escolar. Em virtude da polissemia de tal conceito, teóricos como Vygotsky e Dewey se tornaram base referencial no processo investigativo, e também outros importantes nomes que contribuíram para o avanço da pesquisa como: Martínez (2002), Alencar e Fleith (2003), Oliveira e Alencar (2012), Zigmunt Bauman (2013), Vickery (2016), Cardoso (2021). Em prol de atingir o objetivo proposto, foi realizado um estudo de caso etnográfico de abordagem qualitativa em uma escola pública e uma escola privada. Partindo dos registros realizados em campo, foi possível identificar que apesar da abrangência do discurso em favor da criatividade no contexto educacional ainda existe uma distância entre a teoria e a prática, reveladas na cultura vigente nas escolas que ainda insistem em restringir o potencial criativo da infância, quando se percebe que as ações pedagógicas não oferecem condições de imaginação e confiança criativa, mantendo as crianças engessadas e anestesiadas dos sentidos do corpo que clama pelo criar e sentir a si e ao redor como um todo integrado (estesia).