A escola de samba Estação Primeira de Mangueira se consagrou campeã do carnaval carioca, em 2019, com o samba enredo "Canção para Ninar gente grande". Suas estrofes denunciam uma "história que a história não conta", ao apontar o apagamento daqueles que verdadeiramente construíram o Brasil, em detrimento dos considerados - e emoldurados - heróis nacionais. No entanto, o sangue retinto que protagoniza o samba, não recebe o mesmo destaque no currículo da educação básica brasileira, mesmo após duas décadas de promulgação da lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro - Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio O contexto exposto motivou uma investigação em prol da interseção entre a educação para as relações étnico - raciais com o público infantil e a divulgação científica por meio de uma pesquisa exploratória de viés qualitativo. Para tal, as publicações da coluna "Gente da nossa história", presente em 51 edições da revista de divulgação científica Ciência Hoje das Crianças, foi analisada com o objetivo de compreender o perfil de brasileiros selecionados, por essa linha editorial, para representar o Brasil. A análise revelou que a coluna privilegiou contar histórias de personalidades brasileiras negras, como Luiza Mahin e Negro Cosme, que historicamente são apagadas dos livros escolares. Ao apresentar a imagem, características e suas valiosas contribuições para a história do país, os textos de divulgação científica fomentam debates complexos, porém necessários, com o público em questão e colaboram com uma construção positiva do negro no imaginário infantil. Pretende - se, com essa proposta, colaborar com estudos na área da educação para as relações étnico - raciais com crianças, destacando a relevância da divulgação científica para tal. O debate ainda pauta a necessidade do cumprimento da lei ser pensado também no âmbito da área Ensino de Ciências.