Considerando a cultura competitiva adoecedora vigente na sociedade contemporânea, bem como a realidade estrutural de violência como foi evidenciado nos ataques em creches e escolas e nas ameaças às universidades, o presente trabalho considera essencial expandir valores e estudos da Cultura de Paz ao ambiente acadêmico. Ademais, são recorrentes nesses ambientes atitudes e falas autoritárias e desrespeitosas reforçadas pela hierarquização dos saberes, afetando, por conseguinte, a relação entre discentes, docentes, técnicos e demais pessoas que circulam nesse espaço. Desse modo, debruça-se sobre os relatos de experiências dos discentes que participam do Programa de Cultura de Paz da Universidade Federal de Pernambuco (PROPAZ/UFPE), criado em 2006, o qual abarca três distintos projetos de extensão, com o intuito de pensar em práticas coletivas implementadas em diversos cursos de graduação para disseminação de ideias que possam contribuir com a construção de uma cultura de paz no ensino superior. Os projetos de extensão se sustentam através de três pilares: humanização e respeito mútuo, bem-estar social e a sustentabilidade ambiental, visando o fortalecimento dos ideais de promoção e valorização da vida humana. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é promover reflexões e discussões acerca das práticas restaurativas que concernem a Cultura de Paz, tais como a Comunicação Não-Violenta (CNV), a Justiça Restaurativa e os Círculos de Paz. Essas práticas serviram de base teórica-metodológica em conjunto com as oficinas promovidas nas salas de aula e nos eventos ocorridos em plataformas virtuais, como Youtube. Isso se deve à importância de um olhar crítico e interdisciplinar no engajamento dos setores responsáveis à qualidade de vida dos estudantes universitários, validando seus direitos e acolhendo suas necessidades e fragilidades emocionais. Posto isto, foi possível perceber o papel do PROPAZ como impulsionador de mudanças gradativas e positivas no que abarca o conforto, bem-estar e saúde dos públicos atendidos.