Este trabalho centra sua atenção na análise da construção da memória indígena piauiense presente no livro didático dedicado aos Estudos Sociais do Piauí adotado no final do século XX. O objetivo do estudo é analisar como se constituiu a construção da memória indígena piauiense, a partir dos manuais de estudos sociais do Piauí utilizados nas escolas públicas do Estado nas últimas décadas do século XX. Do ponto de vista teórico, a investigação enquadra-se no campo da história cultural, com ênfase na história do livro didático e das disciplinas escolares. O diálogo teórico do estudo encontra-se fundamentado nos estudos de Chervel (1990), Certeau (2013), Chartier (1998), Burke (2005), Pollack (1989), Bittencourt (2008), entre outros. Metodologicamente, o trabalho define-se como pesquisa documental, cujas fontes priorizadas foram os livros “Estudos Sociais: o Piauí” (1986), de Elzení Portela de Araújo Sousa e “Piauí: tempo e espaço – estudos sociais” (1995), de Iracilde Maria de Moura Fé Lima, Maria Cecília Silva de Almeida e Emília Maria de Carvalho Gonçalves Rebelo. A operação de análise desses dois manuais privilegia o exame dos conteúdos relacionados aos aspectos da memória e da formação da identidade indígena no Piauí. A análise nos leva a inferir que os manuais em questão tiveram importante contribuição no processo de formação dos estudantes das primeiras séries do ensino primário nas escolas públicas do Estado, colaborando para a construção da memória para as populações piauienses, no entanto acreditamos que ainda há um longo caminho a ser percorrido, sendo necessárias novas perspectivas no ensino do História do Piauí, com a intencionalidade de alcançar uma memória mais digna para os povos indígenas no Piauí.