A Lei 10.639/2003, atualizada pela Lei 11.645/2008, obriga o ensino da História e Cultura Negra e Indígena nas escolas, atualizando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, Lei 9.394/96. A Literatura, por sua vez, além de ter a capacidade de ampliar o horizonte de expectativas (ZILBERMAN, 1989), sendo ela um Direito (CANDIDO, 1995), estimular a imaginação e criatividade, expandir o vocabulário e a criticidade dos leitores, também exerce função de espelho, janela e/ou porta (BISHOP, 1990), em que os alunos se veem representados pelas personagens, conhecem ou mesmo interagem com a cultura e história de outros, sensações atreladas à Recepção Estética (JAUSS, 2009). Quando alinhada a uma boa mediação pedagógica (VYGOTSKY, 1998), a literatura torna-se ainda mais benéfica. Por isso, este trabalho tem como objetivo investigar as escolhas literárias e metodológicas de pedagogos em formação quanto à mediação de leitura, justificando-se pelo cumprimento da legislação brasileira e da importância do trabalho com a leitura literária. Para tanto, foram selecionados dois licenciandos do curso de pedagogia (UFRN), que leram, individualmente, dois contos: Oduduá e a briga pelos sete anéis, presente no livro Omo-oba: histórias de princesas (OLIVEIRA; MARINHO, 2009), que narra mitos de criação protagonizados por meninas negras e; Mitos da criação, contido na coleção de contos Mãe África: mitos, lendas, fábulas e contos (SISTO, 2007), cujo enredo gira em torno de mitos de criação dos povos bushongo, egípcio, etíope, fon e iorubá. Na pós-leitura, os discentes responderam às seguintes questões: “você trabalharia com esses contos em sala de aula? Por quê?”. Os resultados revelam o potencial dos futuros pedagogos nas escolhas literárias e metodológicas quanto ao trabalho em sala de aula com a leitura literária, discutindo aspectos relacionados à cultura, religião, identidade e diversidade.