A literatura é um instrumento de humanização, cuja maior contribuição reside na capacidade de convidar os leitores para o campo da significação do mundo, no entanto, sem deixá-lo de descobrir incertezas e equívocos dos discursos que o permeiam na sociedade e na vida. Sendo assim, a literatura de autores contemporâneos indígenas se estabelece como contradiscurso de séculos de silenciamento e exclusão, convocando seus leitores a repensar o lugar dado ao “índio” na literatura brasileira e na sociedade. O incentivo à leitura de textos literários indígenas desafia professores e alunos a entender, debater e interpretar as especificidades dos povos originários. Com isso, o gênero lírico de autoria indígena possui a expressão de um estado emocional forte, posicionando o eu lírico diante dos mistérios da vida e na construção de uma voz singular. Partindo desta premissa, o presente trabalho sugere uma abordagem pedagógica que sirva de introdução ao ensino da poesia de autoria indígena em sala de aula. Como roteiro proposto tentamos aliar o diálogo entre a leitura de poemas e o grafismo indígena. Destarte, nos propusemos a leitura dos poemas Fora do Tempo (2016), de Renata Tupinambá, e Tempo Quebrado (1997), de Kanátyo Pataxó. Utilizaremos como arcabouço teórico os estudos sobre a autoria indígena de Janice Thiél (2012), Graça Graúna (2013) e Santos (2017).