Devido à hipersemiotização da sociedade contemporânea, faz-se cada vez mais necessário instrumentalizar os estudantes de noções de leitura e de interpretação dos sentidos veiculados pelas mais diversas semioses, processos em que se coadunam as formas de expressão e de conteúdo. Em sua maioria, e muito em razão da internet, os textos, resultados dessas semioses, passam a ser integrados não só pela escrita, mas também pela imagem e pelo som, o que resulta em sincretismos. Tendo em vista que essas produções dão-se em determinadas práticas sociais, é importante que se busque unir análises que contemplem a natureza dual desses textos: objetos de significação, visto que são um todo coerente de sentido, e objetos de comunicação, pois são engendrados a partir de determinado contexto. Partimos da hipótese de que os textos sincréticos demandam um conjunto de ferramentas para a sua leitura, passando do verbal ao verbo-visual. Desse modo, objetivamos neste trabalho refletir sobre os multiletramentos a partir das ferramentas teórico-metodológicas advindas da semiótica discursiva. Para tanto, fundamentamo-nos na teoria dos letramentos (DUDENEY; HOCKLY; PEGRUM, 2016; LEMKE, 2010; SOARES, 2009; ROJO; MOURA, 2019); no percurso gerativo de sentido (GREIMAS; COURTÉS, 2016); na noção de sincretismo e nos níveis de pertinência (FONTANILLE, 2008). A nossa base metodológica é a proposta pela teoria semiótica: o percurso gerativo de sentido e os níveis de pertinência, sob uma abordagem qualitativa. A fim de ilustrar a reflexão, faremos uso de vários gêneros, como blog de notícias, capa de livro e charges. Desse diálogo entre as teorias de letramentos, ensino e semiótica, surgem resultados que apontam para caminhos possíveis de leitura aos desafios impostos pelos textos.