Obras cinematográficas são consideradas potência de análise, uma vez que produzem e reproduzem dizeres sobre o contemporâneo, o contexto sociocultural. Neste sentido, é na obra “Pieles”, do diretor espanhol Eduardo Casanova, que reside o visível e o invisível, dizendo de nós para nós mesmos e endereçando subjetividades. Ademais, o gênero e a sexualidade são tomados como marcadores na obra, a qual expõe a história de diferentes sujeitos, enquanto provoca a refletir sobre o hábito de julgar e ridicularizar o outro. Sendo assim, o artigo aborda as características físicas curiosas e os afetos de personagens do filme, sublinhando a proliferação de discursos de gênero e de sexualidade e as relações de poder intrínsecas à composição das cenas. Com isso, as cenas e os marcadores de gênero/sexualidade não se reduzem ao audiovisual e entretenimento, como também, em muitos momentos, nos autorizam a pontuar a falta e o excesso, o limpo e o sujo, o grotesco e o polido, o aceitável e o inaceitável, de modo que este tempo presente seja re/lido nas tramas socioculturais e nas relações de poder.