O objetivo deste trabalho é socializar a construção pessoal e acadêmica de um estudante com deficiência visual dentro do campo da formação em audiodescrição e influências pedagógicas. Para tanto, pauta-se sobre como o marcador da deficiência é permeado por sentidos contextualizados historicamente. Durante o desenvolvimento das sociedades, foi possível identificar alguns modelos de estrutura da deficiência que geraram práticas cotidianas, como o da exclusão, caracterizado pela rejeição social; o da segregação, com sua lógica assistencialista; o da integração, aparecimento de serviços no campo da saúde; e o da inclusão, com base nas mobilizações políticas no final do século XX. A partir desse último modelo, começaram a ser desenvolvidas metodologias de formação a fim de que as barreiras capacitistas, presentes nos processos de ensino-aprendizagem, pudessem ser amenizadas e pessoas com deficiência exercessem o direito à educação. Em contraposição, é visto que o acesso a tais recursos, neste caso, à audiodescrição, ainda é precário devido aos entraves sociais presentes. Assim, para a construção da reflexão proposta, foi utilizada a metodologia dos Diários de Bordo como forma sistemática de registro de pesquisa, esta situada no campo feminista da psicologia social, (pós)construcionista, das narrativas e da produção de sentidos. Como resultado, nota-se que a trajetória do estudante narrado é permeada por diversas incursões na luta pela inclusão e acessibilidade a partir da criação de oficinas e trabalhos sociais, pelo Programa de Educação Tutorial, em diálogo com a comunidade sobre a temática da deficiência. Concluímos, portanto, que a trajetória narrada por este trabalho é uma das diversas que (co)existem no ambiente acadêmico e que ainda encontram dificuldades no exercício pleno da cidadania. Ademais, ressaltamos a importância de práticas sociais a fim de que possa ser construído continuamente um diálogo efetivo entre universidade e sociedade a respeito da diversidade humana.