O PRESENTE ARTIGO APRESENTA UMA LEITURA LACANIANA SOBRE AS PRÁTICAS DE AUTOMUTILAÇÃO NA ESCOLA. TRATA-SE DE UM TEXTO DE NATUREZA ENSAÍSTICA, ATRAVÉS DO QUAL SERÃO PROPOSTAS REFLEXÕES SOBRE ESTE FENÔMENO A PARTIR DA CONCEPÇÃO LACANIANA DE ACTING OUT, ONDE IREMOS PROBLEMATIZAR AS RELAÇÕES DA AUTOMUTILAÇÃO COM A ANGÚSTIA, A ADOLESCÊNCIA E O FEMININO. PARA A PSICANÁLISE, A AUTOMUTILAÇÃO É, A PRIORI, COMPREENDIDA COMO UM MODO DE SUBJETIVAÇÃO, UMA FORMA QUE O SUJEITO ENCONTRA PARA DIZER AQUILO QUE ESTÁ ENCOBERTO QUANDO, NA DIFICULDADE DE UTILIZAR O RECURSO DA PALAVRA, LESIONA A SI MESMO, DEIXANDO MARCAS EXPOSTAS NO CORPO; TAMBÉM É UM ATO QUE FUNCIONA COMO UM MODO DE ESTABILIZAÇÃO FRENTE AO MAL-ESTAR, EM QUE A PALAVRA NÃO DITA BUSCA SIGNIFICADO E ANCORAMENTO NO CORPO QUE, POR SUA VEZ, É O PORTA-VOZ DO SEU SOFRIMENTO PSÍQUICO. ALÉM DISSO, A AUTOMUTILAÇÃO É MAIS PRATICADA POR SUJEITOS FEMININOS NA FAIXA ETÁRIA DA ADOLESCÊNCIA, ONDE UMA ANGÚSTIA DEVASTADORA CONVERTE-SE EM SINTOMAS, QUE SÃO DIRECIONADOS AO CORPO. ANCORADOS NO CONCEITO LACANIANO DE ACTING OUT, COMPREENDEMOS A AUTOMUTILAÇÃO COMO UMA MENSAGEM QUE O SUJEITO ENDEREÇA AO OUTRO, COMO UM PEDIDO DE SOCORRO. CONSEQUENTEMENTE, PROPOMOS AQUI UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA DA AUTOMUTILAÇÃO, CONTRAPONDO-SE AO MODELO BIOMÉDICO PREDOMINANTE, CONVIDANDO OS EDUCADORES A PENSAR SOBRE ESSE FENÔMENO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA CRÍTICA QUE NÃO PATOLOGIZE, ROTULE E NEM EXCLUA ESSES SUJEITOS, ATITUDES QUE, ALÉM DE CULPABILIZÁ-LOS PELO SEU PRÓPRIO SOFRIMENTO PSÍQUICO, DIFICULTA A BUSCA DE AJUDA E AGRAVA ESSA QUESTÃO.