INTRODUÇÃO - LEV SEMENOVICH VYGOTSKY (1896-1934) E ÉMILE BENVENISTE (1902-1976) APARECEM COMO PENSADORES QUE, NO SÉCULO 20, MAIS PRIVILEGIARAM A DIMENSÃO INTERATIVA DAS ATIVIDADES HUMANAS, DE GRANDE ALCANCE PARA OS ESTUDOS DA ENUNCIAÇÃO, NO CASO DE BENVENISTE, E DA EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM, NO CASO DE VYGOTSKY. SUAS CONTRIBUIÇÕES A RESPEITO DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM CHAMARAM A ATENÇÃO PARA A DIMENSÃO DAS RELAÇÕES E DA AÇÃO MEDIADA (VIYGOTSKY, 2000; BENVENISTE, 2006). OS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELOS DOIS AUTORES ESTÃO LIGADOS, EM DIFERENTES MEDIDAS, À ASPECTOS RELACIONADOS À CONSCIÊNCIA, À LINGUAGEM, À SUBJETIVIDADE, À INTERSUBJETIVIDADE, À LÍNGUA E À VERBALIZAÇÃO DO PENSAMENTO. A INVESTIGAÇÃO DE TAIS ELEMENTOS CONCEBE-NOS OBSERVAR UM LUGAR COMUM ENTRE OS TEÓRICOS, LOCAL DE OPERAÇÃO/VISUALIZAÇÃO DA LINGUAGEM À LUZ DAS INTERAÇÕES SOCIAIS. ISSO OS COLOCA EM DIANTEIRA DAS PERSCRUTAÇÕES, ESTANDO BENVENISTE PARA A LÍNGUA/ENUNCIAÇÃO E A APRENDIZAGEM/AQUISIÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM VYGOTSKY. CONSIDERANDO EM CADA UM DELES TEMPO/ESPAÇO, SUAS CONTRIBUIÇÕES FORAM “ACOMETIDAS” PELO MARCO CIENTIFICISTA NA LINGUÍSTICA SAUSSURIANA DO SÉCULO XX. AS CONTRIBUIÇÕES EMANADAS DA REFLEXÃO DO OBJETO DA LINGUÍSTICA SERÃO O PONTO DE PARTIDA DIALÓGICO, AO PASSO QUE ABRIRÁ ESPAÇO À VERIFICAÇÃO INTRÍNSECA DAS PARTES LÍNGUA/LINGUAGEM/PENSAMENTO. BENVENISTE E VYGOTSKY FORAM HÁBEIS EM APREENDER O RUDIMENTO DA NATUREZA COMUNICATIVA EM SEUS PRIMITIVOS SISTEMAS À LUZ DA EXPERIÊNCIA HUMANA, ALÉM DE, ESSENCIALMENTE, AMBOS PERCEBEREM A LINGUAGEM COMO COMPONENTE NATURAL DO HOMEM, FUNDAMENTAL PARA O DISCERNIMENTO E RENOVAÇÃO DA REALIDADE. NO ARCABOUÇO DE SEUS ESTUDOS, EM BENVENISTE, DESTACAMOS O PENSAMENTO, ORGANIZADO PELA LÍNGUA, CONSTRÓI O SEU LUGAR FACULTADO PELA LINGUAGEM: “É UM HOMEM FALANDO QUE ENCONTRAMOS NO MUNDO, UM HOMEM FALANDO COM OUTRO HOMEM, E A LINGUAGEM ENSINA A PRÓPRIA DEFINIÇÃO DO HOMEM” (BENVENISTE, 2005, P. 285). PARI PASSU QUE EM VYGOTSKY (2000) OS CONHECIMENTOS E HABILIDADES SOCIAIS SOFREM PROGRESSIVAMENTE A ATUAÇÃO DA LINGUAGEM. METODOLOGIA - A PRESENÇA DA LINGUAGEM, A CERTA FORMA, GARANTE AO SUJEITO A INTELECÇÃO/DESENVOLVIMENTO TANTO DO PRÓPRIO SISTEMA DE LINGUAGEM QUANTO DA PROBLEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE INTERAÇÃO. IDEALIZADOS NESSE ENGENDRAMENTO TEÓRICO-METODOLÓGICO DE AMBOS, COGITAM-SE, EM FACE DO SISTEMA LINGUAGEM/LÍNGUA, ENTENDIMENTOS REAIS DE EXISTÊNCIA DO HOMEM, COMO A AÇÃO DE INSTITUIR O OUTRO ENQUANTO INSTITUI A SI MESMO. NESTA PERSPECTIVA, A LINGUAGEM FACULTA A RAZÃO CONCEBIDA PELA LÍNGUA, FUNDAMENTANDO O SIGNO LINGUÍSTICO E A SIGNIFICAÇÃO, ISTO É, DANDO UM NORTE AO QUE PODE SER DITO NO TOCANTE ÀS POSIÇÕES ENUNCIATIVAS (LOCUTOR/OUVINTE). TANTO O SISTEMA DA LINGUAGEM QUANTO O SISTEMA DA LÍNGUA, SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA CONVENIÊNCIA SUBJETIVA E INTERSUBJETIVA DAS CONCEPÇÕES CULTURAIS, ESTEJAM ELAS ESPRAIADAS NO ROL DOS ESTUDOS CIENTÍFICOS OU EM QUAISQUER OUTRAS ÁREAS EMPÍRICAS DA EXPERIÊNCIA HUMANA. NOSSO LEVANTAMENTO INSCREVE A TENTATIVA DE CONDUZIR A DEPREENSÃO DA GRANDEZA DIALÓGICA ENTRE O CONCEITO DE LÍNGUA/LINGUAGEM/PENSAMENTO PRESUMIDA NA AÇÃO COMUNICATIVA, EM BENVENISTE, E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA LINGUAGEM/PENSAMENTOS EM VYGOTSKY. O DIÁLOGO EM QUESTÃO, NOS FAZ OBSERVAR À RELAÇÃO LÍNGUA/PENSAMENTO, QUE SUBMETIDOS À CONSTÂNCIA DA SUBJETIVIDADE/INTERSUBJETIVIDADE, ESCLARECE A INTELECÇÃO/EXPERIÊNCIA DO SUJEITO. ENVOLVEMOS NESSE PERCURSO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA BENVENISTIANA, ARTIGOS, COMO: “CATEGORIAS DE PENSAMENTO E CATEGORIAS DE LÍNGUA” (1958) E “SEMIOLOGIA DA LÍNGUA” (1969) OS QUAIS, POSSIVELMENTE, TRARÃO ELEMENTOS AXIAIS PARA O PROCESSO EM QUESTÃO. A PRESENÇA DESTES ARTIGOS, QUE DE CERTO MODO, UNIDOS À PRESENÇA TEÓRICA SAUSSURIANA, EQUACIONAM-SE À CONCEPÇÃO DE “PENSAMENTO” VYGOTSKIANO, AO PONTO QUE ESTE SE DEBRUÇA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, AQUISIÇÃO E INTERAÇÃO, DISTRIBUÍDOS EM ARTIGOS COMO: “PENSAMENTO E PALAVRA” (1934) E “A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE: O DESENVOLVIMENTO DOS PROCESSOS PSICOLÓGICOS SUPERIORES” (1934). O OBJETO LINGUÍSTICO - LÍNGUA E LINGUAGEM SÃO ESPECIFICAMENTE CONCEITOS FUNDADORES DA LINGUÍSTICA, VISTO EM FACE DA OBRA “CURSO DE LINGUÍTICA GERAL”, POR FERNAND SAUSSURE, DORANVANTE CLG. EM PARTE, CADA CONCEITO TRAZ UM ARCABOUÇO TEÓRICO INFINDÁVEL. NO TOCANTE AO NOSSO INTERESSE SOBRE ESTE ARTIGO, A PROBLEMÁTICA DO PENSAMENTO JUNTAMENTE AO ENGENDRAMENTO TEÓRICO DOS SISTEMAS LÍNGUA/LINGUAGEM, AO PASSO QUE SUSCITA A ESPECIFICIDADE DO PENSAMENTO LINGUÍSTICO, ABRE PORTAS INTERDISCIPLINARES PARA DIÁLOGOS E INVESTIGAÇÕES NAS MAIS DIVERSAS ÁREAS DO CONHECIMENTO. O OLHAR PARTICULAR A CADA UMA DELAS (LANGUE E LANGAGE) REVELA O OBJETIVO EXTRAORDINÁRIO DESSA EVOCAÇÃO, QUE É VER NO VALOR PARTICULAR DE CADA DESTES SISTEMAS O GRAU DE CONTRIBUIÇÃO À TEORIA DO PENSAMENTO EM DETRIMENTO DA PAROLE. NÃO NOS CONCENTRAREMOS NESSA ÚLTIMA, MUITO EMBORA NÃO DEVAMOS ESQUECER QUE A MESMA ESTÁ IMPLICADA NOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS. A FALA É UM ATO INDIVIDUAL, VOLUNTÁRIO E INTELECTUAL, EM FACE DISTO CONVÉM DISTINGUIR QUE: “1º) AS COMBINAÇÕES PELAS QUAIS O FALANTE REALIZA O CÓDIGO DA LÍNGUA NO PROPÓSITO DE EXPRIMIR SEU PENSAMENTO PESSOAL; 2º) O MECANISMO PSICOFÍSICO QUE LHE PERMITE EXTERIORIZAR ESSA COMBINAÇÃO” (SAUSSURE, 2012, P. 45). NO CENTRO DE NOSSAS OBSERVAÇÕES ESTÁ O OBJETO DA LINGUÍSTICA, A LANGUE. DEFINIDO EM DUAS FACES, ESTE OBJETO POSSUI CARÁTER “INTEGRAL”, POR TRAÇAR SEU DESEMPENHO POR MEIO DE “FORÇAS EM JOGO, DE MODO PERENE E UNIVERSAL EM TODAS AS LÍNGUAS” (SAUSSURE, 2012, P. 36), E “CONCRETO”, POR TER SEU ANDAMENTO REGIDO POR IMPOSIÇÕES DE REFERÊNCIAS INTERNAS AO SEU PRÓPRIO SISTEMA, ALÉM DE OBSERVAR QUE: DO PONTO DE VISTA DO LINGUISTA QUE É GERADO O VERDADEIRO OBJETO. NA VISÃO SAUSSURIANA DE LÍNGUA COMO SISTEMA DE SIGNOS, A LÍNGUA SE DISTINGUE DA LINGUAGEM, POIS É UNA E HOMOGÊNEA, “NÃO CONSTITUI UMA FUNÇÃO DO FALANTE: É PRODUTO QUE ELE REGISTRA PASSIVAMENTE (SAUSSURE, 2012, P. 46). A DIFUSÃO TEÓRICA DAS PARTICULARIDADES DOS SISTEMAS EM DESTAQUE REVELA, A CERTA FORMA, O PROBLEMA DE “CERTAS” SOLUÇÕES SUJEITAS À SINONÍMIA. A LINGUAGEM APRESENTA UMA POSTURA MULTIFORME E HETERÓCLITA. ELA É PASSÍVEL DE SER ESTUDADA POR DIVERSAS CIÊNCIAS POR PERTENCER AO DOMÍNIO INDIVIDUAL E COLETIVO (FACES INDISSOCIÁVEIS). POR SER CAVALEIRO DE MUITOS DOMÍNIOS, A LINGUAGEM POSSUI LUGAR DE DESTAQUE NO VÉRTICE PENSAMENTO/LÍNGUA. NO OLHAR VYGOTSKIANO, ELA MARCA, SOBRETUDO, O DESENVOLVIMENTO DO HOMEM QUE É CONTINUAMENTE PROCESSADO, DA LINGUAGEM EGOCÊNTRICA À INTERNALIZADA, CONCEITOS QUE PROTAGONIZAM NOSSAS DISCUSSÕES. NO OLHAR BENVENISTEANO, A ORGANIZAÇÃO DA LÍNGUA, DADA POR SISTEMAS SEMIÓTICOS PRONTAMENTE FACULTADOS PELA LINGUAGEM À ESTRUTURAÇÃO DO SUJEITO, SÃO AS BASES PARA A PERCEPÇÃO DA CONVERSIBILIDADE ENTRE SISTEMAS E SOBRE ELA A PUNGÊNCIA DA SUBJETIVIDADE. EM SÍNTESE, EM FACE DO CONCEITO DE PENSAMENTO EM AMBOS, PERCEBE-SE QUE A PERFORMANCE NATURAL DA LINGUAGEM CONSTITUI-SE EM UMA CONSTANTE ATUALIZAÇÃO DE PRODUTOS ADQUIRIDOS NO INSTANTE DE AQUISIÇÃO, ISTO É UMA ATUALIZAÇÃO DO PASSADO CONSCIENTE NO SUJEITO. POR SUA VEZ, A LÍNGUA, OBJETO LINGUÍSTICO, É UM TODO POR SI, ALÉM DE PRINCÍPIO DE CLASSIFICAÇÃO. TEM PRIMO DESTAQUE NOS FEITOS DA LINGUAGEM, CONCEBE INSTITUIÇÃO EM TEMPO QUE INSTITUI ALGO ADQUIRIDO E CONVENCIONAL, OS SIGNOS LINGUÍSTICOS. ELA OFERECE “CONVENÇÕES NECESSÁRIAS, ADOTADAS PELO CORPO SOCIAL PARA PERMITIR O EXERCÍCIO DESSA FACULDADE [LINGUAGEM] NOS INDIVÍDUOS” (SAUSSURE, 2012, P. 41, GRIFO NOSSO). CONSIDERAÇÕES FINAIS - POR ESTE RESUMO, ENTENDEMOS HAVER, NA RELAÇÃO DE ALTERIDADE DA LÍNGUA E INTERAÇÃO ENTRE SUJEITOS, UM ENGENDRAMENTO/APRIMORAMENTO, A CERTA MANEIRA, EM BENEFÍCIO DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM/PENSAMENTO. EM BENVENISTE, A LINGUAGEM FACULTA E A LÍNGUA DETERMINA O QUE PODE SER DITO. A PARTIR DA SUBJETIVIDADE DO FALANTE LINEAR A BENVENISTE, VYGOTSKY TRAÇA UM PERCURSO ATRAVÉS DO CONCEITO DE LINGUAGEM INTERNALIZADA, EMANADA DA LINGUAGEM EGOCÊNTRICA, E LOCALIZADA NO PROCESSO DOS ESTÁGIOS PRIMÁRIOS DO DESENVOLVIMENTO, EM FORTALECIMENTO À TEORIA DE FORMAÇÃO DO PENSAMENTO. PUDEMOS EXTERNAR, SOB A RELAÇÃO TEÓRICA, UM OLHAR MAIS PROFUNDO ENTRE LINGUAGEM/LÍNGUA/PENSAMENTO, ALÉM DO SIGNIFICADO EM CONJUNTURA AO SIGNO LINGUÍSTICO, PERCEBENDO O LUGAR E O RELEVO DA LINGUAGEM COMO UM SISTEMA AUTÔNOMO E INTERDEPENDENTE À LÍNGUA, ASSIM COMO DAS IMPLICAÇÕES DA INTER-RELAÇÃO. LEVANTOU-SE TAMBÉM UMA ANÁLISE SOBRE O QUANTO SE CONSTATA DA LÍNGUA NA TRANSFORMAÇÃO ENTRE AS LINGUAGENS EGOCÊNTRICA/INTERNALIZADA. MEDIANTE ESTES BREVÍSSIMOS CONSTRUTOS, OS QUAIS POR ESTE RESUMO NÃO SE ESGOTAM, LANÇAMO-NOS EM UM ENIGMA: ESTARIA O SISTEMA SEMIÓTICO, COMO O DA MÚSICA, NÃO-CONVERSÍVEL AOS SIGNOS DA LÍNGUA, E EXCLUSIVO EM SUA PRÓPRIA SINTAXE, COMO VISTO EM BENVENISTE (2005), APTO A MATERIALIZAR-SE NO PENSAMENTO HUMANO COMO UM TIPO LINGUAGEM ESPECÍFICA, E INTERNALIZADA DENTRO DE SEU DOMÍNIO DE VALIDADE LEVÁ-LO À EXPRESSÃO? ESTARIA A MÚSICA EM UMA FISSURA, LOCALIZADA ENTRE PENSAMENTO E LÍNGUA, EVOLUÍDO COMO A LINGUAGEM INTERIOR, ORGANIZADA EM UM PLANO DIVERSO, COMO VISTO EM VYGOTSKY (2000), AO DA LINGUAGEM VERBALIZADA? ESTA PROBLEMÁTICA CONFLUI A PENSARMOS EM ESPAÇOS EXTRAORDINÁRIOS OS QUAIS HABITAM EXPRESSÕES APARTADAS DA LÍNGUA, UMA FENDA NA ESCURA VOLIÇÃO.
PALAVRA-CHAVE: LÍNGUA, LINGUAGEM, PENSAMENTO, SIGNO LINGUÍSTICO.