O Brasil apresenta invejável potencial hídrico, mas em função de sua extensão territorial e diversidade climática apresenta uma distribuição desigual e irregular das águas, observando-se regiões com balanço hídrico positivo e outras negativo como é o caso do semiárido nordestino. A área do semiárido do nordeste do brasileiro abrange aproximadamente 53% dessa região, onde vivem mais de 20 milhões de habitantes. As dificuldades que essa população enfrenta com a escassez hídrica são conhecidas há séculos e apesar de todo o desenvolvimento científico e tecnológico ainda são presenciados problemas na disponibilidade de água para os variados fins. O uso de energias renováveis tem se expandido no Brasil nos últimos anos, diversificando sua matriz energética que é essencialmente hidroelétrica. Nesse sentido, a energia fotovoltaica apresenta-se como uma fonte cada vez mais viável técnica, economicamente e ambientalmente para minimizar as carências hídricas de regiões onde com difícil acesso a energia elétrica. Este estudo tem como objetivo principal realizar a avaliação de um sistema de bombeamento fotovoltaico nos aspectos hidráulico e energético, e analisar sua aplicabilidade no fornecimento de água, particularmente regiões semiáridas, seja para o abastecimento humano, como para fins de produção de renda e subsistência. O trabalho consistiu de uma avaliação experimental do sistema de bombeamento e de uma análise prospectiva de suas aplicações. O experimento foi desenvolvido no Campus Campina Grande do IFPB, com Latitude: -7,24053 e Longitude: -35,915744 e altitude de aproximadamente 499 m. O sistema de bombeamento compreendeu os seguintes componentes: dois painéis fotovoltaicos, duas bombas hidráulicas de deslocamento positivo, medidor de vazão, medidor de pressão, medidor de corrente e tensão, 2 caixas d’água de 500 L. Foram determinadas experimentalmente as curvas características das bombas e as propriedades elétricas dos painéis solares. Na avaliação das bombas de diafragma pode-se considerar que há uma relação linear entre a pressão e a vazão. Para bomba 1 obteve-se a curva: Q = -0,0184. H+5,62 (R2=0,94) e para bomba 2, Q = -0,0394.H + 6,53 (R2 = 0,99). As bombas apresentaram capacidade de elevação até 60 mca com uma vazão média de 5,65 L/min. A corrente consumida variou de 2,58 A a 8,02 A para uma variação de elevação de 0 a 60 mca. A potência consumida variou de 31 W a 96 W. Em função da variabilidade da radiação solar foram registradas tensões geradas pelos painéis de até 19,5 V nos dias de testes. Verificou-se uma oscilação constante nas tensões fornecidas pelos painéis em função da variação da radiação solar provocada pela passagem de nuvens. A partir das 7 h horas já foram observadas tensões capazes de promover a operação das bombas, ficando inviável a partir das 17 h. Assim, pode-se afirmar que mais de 8 horas de bombeamento é possível com essa configuração de sistema. Em termos médios o sistema poderia bombear cerca de 3.240 L/dia nas condições de Campina Grande. Em localidades com menos nebulosidade esse rendimento pode ser superior. Considerando essa disponibilidade de água já seria viável o plantio de 600 m2 de milho verde, como uma população de 2.400 plantas. Considerando que o objetivo seja o consumo humano, o volume disponibilizado poderia atender mais de 60 pessoas por dia, a um consumo por pessoa de 50 L. Considerando os custos de aquisição do sistema e seu potencial, pode-se comprovar sua capacidade de atender as necessidades hídricas de populações que sofrem com a falta de energia e de água, e, portanto sua viabilidade técnica e econômica.