A análise de águas é um procedimento importante para determinar as classificações para consumo humano das diversas fontes hídricas existentes, assim como atestar a qualidade de tratamentos aplicados para o reaproveitamento da água (CONAMA, 2008). A medida da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), um parâmetro importante para detectar a presença de matéria orgânica na água (FUNASA, 2014), mostra alguns desafios operacionais. É proposto a aplicação da ferramenta da qualidade FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) para melhorar o procedimento padrão de medida da DBO feita pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente - Paraíba (SUDEMA PB), que realiza análises de água provenientes de todo o estado. O FMEA é uma técnica utilizada como maneira de garantir que fontes de falha tenham sido localizadas (CARVALHO, 2013). De forma geral, objetivou-se definir indicadores para orientar um processo de otimização do procedimento de análise da DBO, conseguindo-se uma melhor prestação de serviço a população por parte da SUDEMA. Especificamente, buscou-se compreender os riscos de trabalho envolvidos em laboratório químico, propondo alternativas que facilitem e/ou promovam melhor visibilidade e normalização sobre Boas Práticas de Laboratório (BPL) e biossegurança; prospectar possíveis falhas de precisão nas análises, propor melhorias para sua realização e monitoramento e propor um procedimento operacional padrão melhorado para a análise. A aplicação do FMEA de processos realiza a análise de falhas a fim de detectar riscos do processo de obtenção das DBO’s e prevenir falhas em sua execução. Relacionando gravidade do efeito (G), ocorrência da causa (O) e capacidade de detecção (D) para expressar o quanto o procedimento está desviando de sua conformidade, tornando possível uma releitura da realização do procedimento e geração de ações preventivas para reduzir ou eliminar as fontes de erros (MACHADO, 2012). A Demanda Bioquímica de Oxigênio foi determinada pelo o seu cálculo indireto, onde se calculou a diferença de Oxigênio Dissolvido (OD) através do método de Winkler modificado pela azida sódica ou Teste DBO 5-Dia, que consiste na análise das amostras de água em vidros de DBO (FUNASA, 2014). Os OD´s calculados foram preenchidos manualmente em formulários, uma vez no momento da incubação e uma segunda vez no quinto dia de incubação onde se realizava as medidas da DBO. Os trabalhos resultaram numa tabela de índice de risco (GxOxD). Quanto mais elevado o índice de risco de uma causa, maior a urgência de adotar ações corretivas. Através de uma análise gráfica dos índices foi possível obter uma visão global sobre as necessidades de melhora do processo e em seguida propor ações preventivas. De acordo com essa análise, a água de diluição irregular (índice de risco 64) e a pipetagem via oral (índice de risco 60), ambos presentes nos procedimentos que o método de Winkler, são as causas principais que resultam numa análise errônea, que deverá ser descartada. De acordo com a análise completa do FMEA, foi proposto como ações de melhoria a elaboração de mapas de risco, o treinamento sobre biossegurança, a revisão das metodologias de análise e a proposição do teste de glutamina para a água de diluição. Foi proposto também uma versão atualizada de procedimento operacional padrão (RICE et al., 2012). Este trabalho permitiu, de forma clara e direta, determinar ações corretivas no processo de medida da DBO. Através do índice de riscos foi possível escalar a hierarquia de atuação pelo o uso de medidas corretivas para as causas de falhas, propondo melhorias. Foi possível destacar a importância das boas práticas de laboratório como cruciais para organização, higienização e bem-estar das pessoas. O uso da gestão da qualidade serviu como ferramenta para promover uma visão geral do processo e fornecer indicadores para o otimizar. O passo seguinte consiste em introduzir as melhorias e realizar o acompanhamento das novas práticas.