Introdução: A raiva é uma infecção zoonótica que atinge o sistema nervoso central, sendo causada por um vírus de RNA pertencente ao gênero Lyssavirus. Sua transmissão para o homem ocorre pela inoculação do agente infeccioso presente na saliva e secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura. Toda a classe Mammalia (mamíferos) está susceptível ao vírus da raiva, porém duas ordens (Carnivora e Chiroptera), são considerados reservatórios primários, tendo importância para a saúde pública. No Nordeste brasileiro a raiva é endêmica, sendo registrado casos de raiva humana em todas unidades federativas dessa região. Objetivos: Diante desse contexto, levando em consideração a escassez de estudos sobre a raiva humana no Nordeste brasileiro e a importância que esta temática apresenta, para o desenvolvimento de indicadores e políticas públicas que possam contribuir para a melhoria da saúde da população nordestina, o presente trabalho teve por objetivo fazer um levantamento epidemiológico para conhecer o panorama da raiva humana na região Nordeste do país, entre os anos de 2001 a 2017. Metodologia: Tratou-se de um estudo epidemiológico, do tipo documental e retrospectivo, em que houve a recuperação de dados secundários a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram avaliadas as variáveis: ano, estado de notificação, sexo, faixa etária, escolaridade, raça e animal agressor vacinado na qual houve a utilização do número absoluto e frequência relativa, possibilitando a construção de tabelas e gráficos. O programa estatístico utilizado para o desenvolvimento de gráficos e a realização dos cálculos foi o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 13.0. for Windows. Resultados e Discussão: Entre os anos de 2001 a 2017, foram registrados 148 casos de raiva humana no Brasil, dos quais 72,6% ocorreram no Nordeste do pais, sendo essa região a mais endêmica de todo território brasileiro. Dentre os anos analisados, observou-se que o ano de 2005, foi que registrou o maior número de casos no Nordeste, com 28,2%, seguido pelos anos de 2003 e 2001, com 16,5% e 11,8% respectivamente. O Maranhão foi o estado mais endêmico da região nordestina, com 52,9% das notificações de raiva humana, seguido pelos estados do Ceará (17,6%), Bahia (8,2%), Piauí (5,9%), Alagoas (5,9%) e Pernambuco (4,7%). Os indivíduos do sexo masculino foram os mais acometidos, com 64,7% dos casos. A faixa etária adulta, escolaridade baixa e raça parda foram as de maior prevalência no estudo, com 35,3%, 56,5% e 63,5% respectivamente. Os cães são incriminados como espécie com o maior número de agravos, com 36,5%. Considerações finais: Os resultados expostos neste estudo, podem servir como direcionamento e desenvolvimento de políticas públicas de saúde voltadas para a população pouco escolarizada, do sexo masculino e economicamente ativa. Demostrando que a capacitação dos cidadãos, implantação de um mapeamento epidemiológico da raiva animal e humana na região nordestina e a criação de um Centro de Controle de Zoonoses nas cidades satélites de cada região, ira facilitar a vigilância dos casos humanos e animais, gerando melhoria na aplicação do protocolo profilático do atendimento antirrábico humano.