AS DUAS FACES DA MALANDRAGEM EM JOÃO ANTÔNIO
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O conto, que narra as virações de três malandros pelas ruas da cidade, é estruturado de forma toponímica já que os capítulos são intitulados de acordo com o espaço onde se desenrola a narrativa: Lapa, Água Branca, Barra Funda, Cidade, Pinheiros e, novamente, Lapa. O regresso dos malandros ao ponto de partida confere ao enredo uma circularidade espacial, que representa imageticamente uma temporalidade mítica, fechada em si mesma. Esse tempo circular é a expressão da eternidade, cuja ideia de permanência, ou não transformação, associa-se à imutável perfeição estática da divindade, avessa às transformações histórico-sociais. Do enredo, infenso às transformações do tempo cronológico, emerge a figura do malandro, que, plasmada com a mesma matéria imutável e permanente do mito, aproxima-se da imagem culturalista fixada no imaginário popular, enquanto se afasta do seu dinamismo histórico-social. 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