Este trabalho almeja propor um enfoque diverso da crítica acadêmica, historicamente estabelecida, sobre um período da constituição da tradição artística brasileira (literária e cênica, em específico) através do exame de uma forma teatral particular, o melodrama, e de sua tessitura dramatúrgica, compreendida pelo viés do texto escrito e pelo aporte do acontecimento da encenação. Para tanto, elege-se a categoria de texto espetacular, apoiada na consideração de relações entre a literatura e o teatro, com o intuito não apenas de rever avaliações, mas também de investigar as particularidades do melodrama e de seu estabelecimento no contexto brasileiro, em meados do século XIX, abarcando possíveis repercussões em meios diversos, como o romance. Diante disso, apresenta-se a análise comparativa de uma peça melodramática (A filha do mar, de Lucotte) e de um romance romântico (A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães), de maneira a sugerir, na prática, o rendimento dessa perspectiva na caracterização da cultura nacional.