Nosso propósito é analisar o romance Deserdados (1921), de Carlos de Vasconcelos, que retrata o universo dos seringais no boom da economia da borracha, verificando em que medida ele estabelece diálogo com os antecessores da primeira década do século XX e em que medida avança na técnica e na discussão sobre o homem inserto na região, servindo de modelo para os sucessores. Observaremos que o romance de Vasconcelos marca presença no cenário das duas primeiras décadas do século XX, uma vez que se debruça sobre a realidade brasileira e contribui para desmitificar e desmistificar a forma como um grande grupo de autores figurava a Amazônia, reiterando a fantasia do Eldorado. Nesse sentido, comprovaremos que o sertanismo desse autor, a despeito de ainda utilizar uma linguagem ou técnica do Naturalismo, assume a superação do otimismo patriótico e a adoção de um tipo de pessimismo diferente do que ocorria na ficção naturalista, enquadrando-se no, então, regionalismo problemático que se chamou de romance social, e que Antonio Candido aponta como presente na fase de pré-consciência do subdesenvolvimento, que marcou a literatura brasileira e latinoamericana .