As fabulações em torno do mote do pacto se inserem em um constructo baseado em sistemas simbólicos, nos quais se articulam de forma intercalada o real e o imaginário. Através da tênue fronteira entre o mundo imaginado e o mundo legitimado como verdadeiro pelos cinco sentidos, são construídas histórias que, de forma recorrente, servem de alicerce para a edificação de modos de ser e estar no mundo. De forma sutil mesclam-se discursos religiosos e ideológicos que, através da análise destas tramas, revelam características não só de uma determinada sociedade, como também de uma época. Intenta-se neste trabalho discutir, através da temática do duelo ancestral do bem contra o mal, o papel das narrativas como forma de expressão de determinadas realidades e assim discutir a fronteira entre o permanente e o transitório. A partir do texto do Livro de Jó e sob à luz da teoria de Eliade sobre o mito, serão enfocados alguns exemplos de narrativas de origem popular assim como legendas de santos, pertencentes ao acervo da literatura de expressão portuguesa e alemã, cujo centro de fabulação gira em torno do tema do homem que assina um pacto com um ser pertencente à esfera do mal e cujo destino será decidido a partir da possibilidade de logro ou perdão.