O autoconhecimento sempre foi um tema constante na poesia ao longo dos tempos. O poeta sempre se deteve em procurar por seu Eu, por sua essência, não sendo raras as viagens ao seu interior, em busca de si mesmo. A poesia moderna, porém, não se restringiu à indagação acerca do sentir do coração ou às angústias individuais do ser poético, frequentes no universo lírico até então. Ela foi mais além. O poeta moderno deixa um pouco de lado o seu Eu empírico, para se voltar ao questionamento acerca de sua função diante do mundo de alienação e instabilidade em que vive o homem contemporâneo. O presente estudo tem como objetivo apresentar uma análise do Eu poético na poesia contemporânea de Luís Quintais, poesia esta que possui como uma de suas temáticas predominantes reflexões acerca da realidade atual: incerta, indefinida e de difícil descrição, tendo em vista a fugacidade, a rápida mutação e a consequente pulverização das relações e das coisas no mundo contemporâneo. Para isso, utilizaremos como aporte teórico as reflexões de Agamben, Friedrich, Felipe Moisés, Rancière, dentre outros.