DEUS EX MACHINA: O INSÓLITO EM “A ESTRANHA MÁQUINA EXTRAVIADA”, DE J. J. VEIGA E “SANGUE DA AVÓ, MANCHANDO A ALCATIFA”, DE MIA COUTO
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É através do insólito que o escritor, ao mesmo tempo em que “descobre” as várias facetas de sua realidade empírica, questiona a função das instituições sociais que lhe servem, permitindo uma maior sensibilidade acerca do meio em que esse (f)ato ocorre.Tanto J. J. Veiga quanto Mia Couto, ao voltarem-se para dentro de suas terras de origem – Goiás, estado brasileiro, e Moçambique, estado africano –, resgatam-nas em suas facetas mais insólitas. Ao fazer ressurgir ficcionalmente o Brasil “escondido em cidadezinhas e cidadezinhas que pontilham o mapa do país”(CAMPEDELLI, 1982, p. 94) e a nação Moçambicana que reside em sua capacidade de ser um mosaico cultural, os escritores trazem a tona os males da modernidade que desconstroem as identidades culturais regionais, seus costumes, histórias, enfim, seus elementos mais significativos. Os escritores denunciam, em seus textos, como o advento da “modernidade” elege novos ícones a serem seguidos pelos grupos sociais, de maneira que suas vidas passem a girar em torno de símbolos insolitamente ambíguos. O insólito, como fio condutor dos eventos ocorridos em “A estranha máquina extraviada”, de J. J. Veiga e “Sangue da avó, manchando a alcatifa”, de Mia Couto, denúncia não apenas a desconstrução dos valores sociais vigentes, como, também, o surgimento de novos símbolos que tomam o lugar desses valores, influenciando insolitamente a vida das personagens envolvidas nas tramas." 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