Artigo Anais ABRALIC Internacional

ANAIS de Evento

ISSN: 2317-157X

A VIDA SEM MEIO-DO-CAMINHO: UMA AUTOBIOGRAFIA ANTES DO PECADO ORIGINAL

"2013-07-12 00:00:00" // app/Providers/../Base/Publico/Artigo/resources/show_includes/info_artigo.blade.php
App\Base\Administrativo\Model\Artigo {#1843 // app/Providers/../Base/Publico/Artigo/resources/show_includes/info_artigo.blade.php
  #connection: "mysql"
  +table: "artigo"
  #primaryKey: "id"
  #keyType: "int"
  +incrementing: true
  #with: []
  #withCount: []
  +preventsLazyLoading: false
  #perPage: 15
  +exists: true
  +wasRecentlyCreated: false
  #escapeWhenCastingToString: false
  #attributes: array:35 [
    "id" => 4531
    "edicao_id" => 14
    "trabalho_id" => 425
    "inscrito_id" => 210
    "titulo" => "A VIDA SEM MEIO-DO-CAMINHO: UMA AUTOBIOGRAFIA ANTES DO PECADO ORIGINAL"
    "resumo" => "Em O animal que logo sou, Derrida se pergunta se seria possível existir uma autobiografia antes do pecado original, antes da ideia de nudez e do desenvolvimento mútuo do pudor e da técnica. L’animal que donc je suis. Suis é uma palavra homógrafa, conjugação dos verbos être e suivre na primeira pessoa do singular. A ambiguidade criada por Derrida é proposital: o homem segue o animal no sentido da sucessão e da herança ou está atrás dele no sentido da caça e do adestramento? O ato de nominação dos animais, evento que se dá antes da criação da mulher e da nudez, é a gênese dessa posição de sequência, consequência e perseguição. A ascendência do homem sobre o animal não se dá no tempo, é a própria gênese do tempo, um tempo vetorial de que precisa o pecado original para produzir seus efeitos. Em oposição a uma autobiografia confessional, em que a verdade é sempre uma dívida, Derrida propõe a limitrofia, uma experiência que se avizinha do limite, mas também se alimenta nas margens dele. A terra, em sua polissemia, é o elemento que corta tanto a autobiografia confessional quanto a limitrofia. Ao dedicar apenas o penúltimo capítulo do Livro I dO Capital à enunciação do pecado original da sociedade capitalista, a acumulação primitiva, Marx situa a pré-história de roubo e expropriação da terra antes da história, trata-se da proibição fundamental do capital que jamais deverá ser repetida, ainda que o seja de forma sintomática. Ao fixar a diferença entre o ato criador e a criatura, Marx faz com que a terra perdida na acumulação primitiva do capital só possa reaparecer como terra prometida. Para o crítico literário Araripe Júnior, a obnubilação, a perda da consciência provocada pela terra, faz da incorreção dos autores brasileiros um estilo próprio. Se o sangue que corria nas tintas de nossa melhor literatura era o de uma nova Roma, não seria o ius sanguinis que explicaria o novo vigor que o naturalismo assume nos trópicos, mas o ius soli. Enquanto em Marx a história da terra é a história fora da história, para Araripe, ela é o começo da história. Em Meu tio o Iauaretê, Guimarães Rosa fala da terra a partir de uma das instituições centrais do matriarcado, o avunculato, o domínio da casa pelo tio materno e a ausência de herança. Deserdado, o onceiro que vira onça vê na terra deserção, deserto – sertão. Não se trata aqui do deserto que institui o monoteísmo judeu, mas do deserto enquanto crise de parentesco que caracteriza o mestiço. Se o matriarcado é cortado por uma ausência, seja ela de terra ou de sangue, o conto rosiano é marcado pela incerteza quanto à morte do personagem autobiográfico no final. O fim como quase-morte é a autobiografia antes do pecado original a que se referia Derrida, afinal, a descristianização da vida exige também a descristianização da morte. Meu tio o Iauaretê é a falta-em-ser que é a ausência do fim da história, a vida sem meio-do-caminho."
    "modalidade" => null
    "area_tematica" => null
    "palavra_chave" => null
    "idioma" => null
    "arquivo" => "Completo_Comunicacao_oral_idinscrito_210_f13d6974343214f58159d1e96e35bd95.pdf"
    "created_at" => "2020-05-28 15:52:50"
    "updated_at" => "2020-06-10 13:11:26"
    "ativo" => 1
    "autor_nome" => "RAQUEL DE AZEVEDO"
    "autor_nome_curto" => "RAQUEL"
    "autor_email" => "raquelazevedo@gmail.com"
    "autor_ies" => "UFSC"
    "autor_imagem" => ""
    "edicao_url" => "anais-abralic-internacional"
    "edicao_nome" => "Anais ABRALIC Internacional"
    "edicao_evento" => "XIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada"
    "edicao_ano" => 2013
    "edicao_pasta" => "anais/abralic/2013"
    "edicao_logo" => "5e48acf34819c_15022020234611.png"
    "edicao_capa" => "5f17347012303_21072020153112.jpg"
    "data_publicacao" => null
    "edicao_publicada_em" => "2013-07-12 00:00:00"
    "publicacao_id" => 12
    "publicacao_nome" => "Revista ABRALIC INTERNACIONAL"
    "publicacao_codigo" => "2317-157X"
    "tipo_codigo_id" => 1
    "tipo_codigo_nome" => "ISSN"
    "tipo_publicacao_id" => 1
    "tipo_publicacao_nome" => "ANAIS de Evento"
  ]
  #original: array:35 [
    "id" => 4531
    "edicao_id" => 14
    "trabalho_id" => 425
    "inscrito_id" => 210
    "titulo" => "A VIDA SEM MEIO-DO-CAMINHO: UMA AUTOBIOGRAFIA ANTES DO PECADO ORIGINAL"
    "resumo" => "Em O animal que logo sou, Derrida se pergunta se seria possível existir uma autobiografia antes do pecado original, antes da ideia de nudez e do desenvolvimento mútuo do pudor e da técnica. L’animal que donc je suis. Suis é uma palavra homógrafa, conjugação dos verbos être e suivre na primeira pessoa do singular. A ambiguidade criada por Derrida é proposital: o homem segue o animal no sentido da sucessão e da herança ou está atrás dele no sentido da caça e do adestramento? O ato de nominação dos animais, evento que se dá antes da criação da mulher e da nudez, é a gênese dessa posição de sequência, consequência e perseguição. A ascendência do homem sobre o animal não se dá no tempo, é a própria gênese do tempo, um tempo vetorial de que precisa o pecado original para produzir seus efeitos. Em oposição a uma autobiografia confessional, em que a verdade é sempre uma dívida, Derrida propõe a limitrofia, uma experiência que se avizinha do limite, mas também se alimenta nas margens dele. A terra, em sua polissemia, é o elemento que corta tanto a autobiografia confessional quanto a limitrofia. Ao dedicar apenas o penúltimo capítulo do Livro I dO Capital à enunciação do pecado original da sociedade capitalista, a acumulação primitiva, Marx situa a pré-história de roubo e expropriação da terra antes da história, trata-se da proibição fundamental do capital que jamais deverá ser repetida, ainda que o seja de forma sintomática. Ao fixar a diferença entre o ato criador e a criatura, Marx faz com que a terra perdida na acumulação primitiva do capital só possa reaparecer como terra prometida. Para o crítico literário Araripe Júnior, a obnubilação, a perda da consciência provocada pela terra, faz da incorreção dos autores brasileiros um estilo próprio. Se o sangue que corria nas tintas de nossa melhor literatura era o de uma nova Roma, não seria o ius sanguinis que explicaria o novo vigor que o naturalismo assume nos trópicos, mas o ius soli. Enquanto em Marx a história da terra é a história fora da história, para Araripe, ela é o começo da história. Em Meu tio o Iauaretê, Guimarães Rosa fala da terra a partir de uma das instituições centrais do matriarcado, o avunculato, o domínio da casa pelo tio materno e a ausência de herança. Deserdado, o onceiro que vira onça vê na terra deserção, deserto – sertão. Não se trata aqui do deserto que institui o monoteísmo judeu, mas do deserto enquanto crise de parentesco que caracteriza o mestiço. Se o matriarcado é cortado por uma ausência, seja ela de terra ou de sangue, o conto rosiano é marcado pela incerteza quanto à morte do personagem autobiográfico no final. O fim como quase-morte é a autobiografia antes do pecado original a que se referia Derrida, afinal, a descristianização da vida exige também a descristianização da morte. Meu tio o Iauaretê é a falta-em-ser que é a ausência do fim da história, a vida sem meio-do-caminho."
    "modalidade" => null
    "area_tematica" => null
    "palavra_chave" => null
    "idioma" => null
    "arquivo" => "Completo_Comunicacao_oral_idinscrito_210_f13d6974343214f58159d1e96e35bd95.pdf"
    "created_at" => "2020-05-28 15:52:50"
    "updated_at" => "2020-06-10 13:11:26"
    "ativo" => 1
    "autor_nome" => "RAQUEL DE AZEVEDO"
    "autor_nome_curto" => "RAQUEL"
    "autor_email" => "raquelazevedo@gmail.com"
    "autor_ies" => "UFSC"
    "autor_imagem" => ""
    "edicao_url" => "anais-abralic-internacional"
    "edicao_nome" => "Anais ABRALIC Internacional"
    "edicao_evento" => "XIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada"
    "edicao_ano" => 2013
    "edicao_pasta" => "anais/abralic/2013"
    "edicao_logo" => "5e48acf34819c_15022020234611.png"
    "edicao_capa" => "5f17347012303_21072020153112.jpg"
    "data_publicacao" => null
    "edicao_publicada_em" => "2013-07-12 00:00:00"
    "publicacao_id" => 12
    "publicacao_nome" => "Revista ABRALIC INTERNACIONAL"
    "publicacao_codigo" => "2317-157X"
    "tipo_codigo_id" => 1
    "tipo_codigo_nome" => "ISSN"
    "tipo_publicacao_id" => 1
    "tipo_publicacao_nome" => "ANAIS de Evento"
  ]
  #changes: []
  #casts: array:14 [
    "id" => "integer"
    "edicao_id" => "integer"
    "trabalho_id" => "integer"
    "inscrito_id" => "integer"
    "titulo" => "string"
    "resumo" => "string"
    "modalidade" => "string"
    "area_tematica" => "string"
    "palavra_chave" => "string"
    "idioma" => "string"
    "arquivo" => "string"
    "created_at" => "datetime"
    "updated_at" => "datetime"
    "ativo" => "boolean"
  ]
  #classCastCache: []
  #attributeCastCache: []
  #dates: []
  #dateFormat: null
  #appends: []
  #dispatchesEvents: []
  #observables: []
  #relations: []
  #touches: []
  +timestamps: false
  #hidden: []
  #visible: []
  +fillable: array:13 [
    0 => "edicao_id"
    1 => "trabalho_id"
    2 => "inscrito_id"
    3 => "titulo"
    4 => "resumo"
    5 => "modalidade"
    6 => "area_tematica"
    7 => "palavra_chave"
    8 => "idioma"
    9 => "arquivo"
    10 => "created_at"
    11 => "updated_at"
    12 => "ativo"
  ]
  #guarded: array:1 [
    0 => "*"
  ]
}
Publicado em 12 de julho de 2013

Resumo

Em O animal que logo sou, Derrida se pergunta se seria possível existir uma autobiografia antes do pecado original, antes da ideia de nudez e do desenvolvimento mútuo do pudor e da técnica. L’animal que donc je suis. Suis é uma palavra homógrafa, conjugação dos verbos être e suivre na primeira pessoa do singular. A ambiguidade criada por Derrida é proposital: o homem segue o animal no sentido da sucessão e da herança ou está atrás dele no sentido da caça e do adestramento? O ato de nominação dos animais, evento que se dá antes da criação da mulher e da nudez, é a gênese dessa posição de sequência, consequência e perseguição. A ascendência do homem sobre o animal não se dá no tempo, é a própria gênese do tempo, um tempo vetorial de que precisa o pecado original para produzir seus efeitos. Em oposição a uma autobiografia confessional, em que a verdade é sempre uma dívida, Derrida propõe a limitrofia, uma experiência que se avizinha do limite, mas também se alimenta nas margens dele. A terra, em sua polissemia, é o elemento que corta tanto a autobiografia confessional quanto a limitrofia. Ao dedicar apenas o penúltimo capítulo do Livro I dO Capital à enunciação do pecado original da sociedade capitalista, a acumulação primitiva, Marx situa a pré-história de roubo e expropriação da terra antes da história, trata-se da proibição fundamental do capital que jamais deverá ser repetida, ainda que o seja de forma sintomática. Ao fixar a diferença entre o ato criador e a criatura, Marx faz com que a terra perdida na acumulação primitiva do capital só possa reaparecer como terra prometida. Para o crítico literário Araripe Júnior, a obnubilação, a perda da consciência provocada pela terra, faz da incorreção dos autores brasileiros um estilo próprio. Se o sangue que corria nas tintas de nossa melhor literatura era o de uma nova Roma, não seria o ius sanguinis que explicaria o novo vigor que o naturalismo assume nos trópicos, mas o ius soli. Enquanto em Marx a história da terra é a história fora da história, para Araripe, ela é o começo da história. Em Meu tio o Iauaretê, Guimarães Rosa fala da terra a partir de uma das instituições centrais do matriarcado, o avunculato, o domínio da casa pelo tio materno e a ausência de herança. Deserdado, o onceiro que vira onça vê na terra deserção, deserto – sertão. Não se trata aqui do deserto que institui o monoteísmo judeu, mas do deserto enquanto crise de parentesco que caracteriza o mestiço. Se o matriarcado é cortado por uma ausência, seja ela de terra ou de sangue, o conto rosiano é marcado pela incerteza quanto à morte do personagem autobiográfico no final. O fim como quase-morte é a autobiografia antes do pecado original a que se referia Derrida, afinal, a descristianização da vida exige também a descristianização da morte. Meu tio o Iauaretê é a falta-em-ser que é a ausência do fim da história, a vida sem meio-do-caminho.

Compartilhe:

Visualização do Artigo


Deixe um comentário

Precisamos validar o formulário.