Artigo Anais ABRALIC Internacional

ANAIS de Evento

ISSN: 2317-157X

DA ESTRANHEZA AO ESTRANHAMENTO NA FORTUNA CRÍTICA DO EU

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Publicado em 12 de julho de 2013

Resumo

DA ESTRANHEZA AO ESTRANHAMENTO NA FORTUNA CRÍTICA DO EUMario Cesar Newman de QueirozA poesia de Augusto dos Anjos recebeu logo na estreia atenção da crítica. O que causa certa surpresa, pois, como ressalta José Paulo Paes, tratava-se do primeiro livro de rapazola de província recém-chegado ao Rio de Janeiro sem inserção na vida literária da capital. Mas o que chama atenção também, e que se tornará por muitos anos um lugar comum crítico, é uma aceitação parcial da poesia de Augusto. Mesmo quando há um retumbante elogio, como fez Euricles de Matos, em A Tribuna, em 13 de junho de 1912, talvez apenas 7 dias após o lançamento, ao colocar o Eu como o acontecimento literário do ano, há sempre um senão, um remendo a ser feito. E esse senão recai exatamente, podemos perceber hoje, sobre o que torna a poesia de Augusto dos Anjos tão própria, tão singular: seu movimento de desterritorialização de temas e vocabulários de diferentes campos de leitura, dos almanaques, da filosofia, da religião, das gazetas, do cientificismo, sobretudo do cientificismo de Ernest Haeckel, para reterritorializá-los em seus procedimentos poéticos. Muito desse elogio com reprovação não se modificará mesmo com a retomada do autor pela crítica especializada, universitária dos anos 60 e 70, como buscaremos demonstrar. A situação somente começa a se transformar com o deslocamento da estranheza desabonadora para o estranhamento valorativo com Josè Paulo Paes já em meados dos anos 80. Foi preciso superar a desconfiança da primeira crítica, ainda pautada em valores românticos e impressionistas, a desconsideração dos modernistas (exceto Bandeira), a purgação ideológica da crítica universitária de muita gente consagrada, para que os traços singularizadores da poesia de Augusto fossem tratados com positividade. Acompanhar esse roteiro crítico é vital para aquilatar essa poesia e as limitações da crítica, mesmo a mais especializada.Palavras Chave: Augusto dos Anjos, Poesia Brasileira, Crítica Literária.

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